Sempre me achei uma mãe legal. Me considerava bem liberal, às vezes até exageradamente. Como tenho dois filhos, sempre incentivei o maior a ter muitas namoradas, sair para baladas todos os dias da semana, não ser muito neurótico para os estudos e até deixar um pouco de lado seu senso extremo de responsabilidade.
Pois bem, o fato é que tudo isso mudou quando ele começou a seguir meus conselhos. Passei a odiar as namoradas que me eram apresentadas, a “cortar” a mesada para impedi-lo de frequentar as baladas dos finais de semana e até cobrar maior rigor nos estudos, controlando suas notas na faculdade. Quando me dei conta, estava uma mãe chata, implicante e extremamente ciumenta.
Acrescentei, na minha agenda, mais duas sessões de terapia, como providência emergencial. Nada de melhoras. Quando uma das namoradas começou a me chamar de sogra, então! Quase enfartei! Aumentei a dose do antidepressivo. Nada de melhoras. Arrumei um cachorro para me distrair. O que arrumei foi mais dor de cabeça. Pensei em colocar meu filho no internato, mas lembrei que já era maior de idade. Estava num labirinto. Passava as noites em claro, esperando o farol do carro iluminar a garagem; lavava camisetas e mais camisetas com manchas de batom esparramadas na gola; analisava pedidos e mais pedidos de aumento de mesada para substituir as cuecas antigas pela coleção de box coloridas; guardava as inúmeras caixas de preservativos espalhados pelos bolsos das calças e pelo estofamento do carro, etc. É uma sensação horrível. De perda. De impotência. De insegurança. De vontade de trancá-lo no quarto, de colocá-lo para dormir, de fazê-lo tomar todo o leite quente da caneca, de agasalhá-lo antes de deixá-lo sair no sereno, de congelá-lo até que eu encontre a pessoa ideal para sua vida, de programá-lo para ser feliz; deletando todas as lágrimas e todo sofrimento que mais dia, menos dia, sabemos que irão aparecer. É uma sensação de estar sendo jogada para escanteio. O dia em que ele fez sinal para eu ocupar o banco traseiro para ceder o da frente aquela vigaristinha... nossa, foi uma humilhação a céu aberto. Trocar a própria mãe por uma fulaninha que mal conhecia, ninguém merece! É, parece divertido, mas chega ser uma infindável penitência. Toda mãe espera que o filho fique ao seu lado a qualquer custo. Toda mãe acalenta o dom de proteger sua “cria”, de rastrear seus caminhos, de cobrir (com espuma) os espinhos sorrateiros da estrada. Porém, sabemos o quanto esses desejos são impossíveis. A maturidade chega de repente, sem anúncios formais. Daí, tudo aquilo que achávamos “tirar de letra”, torna-se um peso quase impossível de suportar.
É como se entregássemos nosso menino para vida, sem saber o destino que ela reserva para seu futuro.
Então, diante dessa impotência, resta-nos apenas beijá-lo carinhosamente. Resta-nos apenas segurá-lo um pouco mais nos sorrateiros abraços. Resta-nos apenas pedir a Deus que guarde e proteja o mais valioso dos nossos pertences.
Nessas horas, divago. Penso em como somos vulneráveis diante da vida, em como andamos sobre o mar diante da fé, em como somos privilegiadas por exercer difícil arte materna nesse mundo.
Nessas horas tenho apenas uma única certeza. A certeza que o amor de uma mãe é o sentimento mais singelo, puro e despretensioso que existe. Sinônimo de renúncia. Um amor que não espera retorno, que não cobra gratidão, que não enxerga dificuldades. Um amor que quanto mais se doa, mais transborda! Um amor sem medidas, sem exageros, sem comparações, sem limites!
Gilmara Giavarina
domingo, 12 de setembro de 2010
quinta-feira, 9 de setembro de 2010
Depois de um tempo de vida...
Depois de um tempo de vida, acordei. Confesso que um tanto tarde demais, mas ainda viva. Olhei para os lados e, como dia Clarice Lispector, deparei-me com demasiada poeira encobrindo a palavra amor.
De relance, abri a janela do meu quarto, ansiando que a escuridão fugisse dali aos saltos, ou mesmo aos trancos e barrancos...
Depois de um tempo de vida, acordei e me reencontrei. Não estava mais tão jovem, tão bela, tão doce, tão insegura. Me reencontrei mais madura, mais consciente, mais senhora das minhas vontades e das minhas desilusões.
Depois de um tempo de vida, acordei. Olhei para trás e tive a certeza que, como Cora Coralina, retirei muitas pedras do caminho, plantando muitas flores em seus lugares, todavia me esqueci de revolver a terra do meu próprio jardim. Andei, por muito tempo, cuidando de situações que me conduziram a lugares nunca antes idealizados por mim... enfim, fiz história, mas não protagonizei tal enredo.
Depois de um tempo de vida, acordei. Percebi que, realmente, fui egoísta. Tive a pretensão de roubar a felicidade do mundo e ir morar com ela, para o resto da minha vida.
Admito, também, que fui mimada. Tudo porque, sempre tive a certeza que nasci para ser cuidada, para ser protegida e para ser amada... não por laços de sangue, tão pouco por redomas de vidro, mas por elos de carinho, de confiança e principalmente de respeito pelas minhas vontades e pelas minhas escolhas.
Depois de algum tempo eu acordei e percebi que o que eu esperava dessa vida não era lá muita coisa, apenas o necessário para que minha alma não murchasse, para que meus olhos não secassem e para que meu riso não cedesse lugar, constantemente, às lágrimas.
Esperava apenas pela liberdade de ir e vir, de abraçar as pessoas que me fizessem bem, de escrever sem medo, de viver sem pressa, de viver sem culpa, de fazer valer as minhas pequenas vontades frente às grandes ignorâncias da vida.
Depois de algum tempo, eu acordei, me olhei e tomei algumas decisões: apaguei a luz dos meus sonhos, fechei a porta dos meus desalentos e voltei a dormir... como sempre fiz, a minha vida inteira!
Gilmara Giavarina
De relance, abri a janela do meu quarto, ansiando que a escuridão fugisse dali aos saltos, ou mesmo aos trancos e barrancos...
Depois de um tempo de vida, acordei e me reencontrei. Não estava mais tão jovem, tão bela, tão doce, tão insegura. Me reencontrei mais madura, mais consciente, mais senhora das minhas vontades e das minhas desilusões.
Depois de um tempo de vida, acordei. Olhei para trás e tive a certeza que, como Cora Coralina, retirei muitas pedras do caminho, plantando muitas flores em seus lugares, todavia me esqueci de revolver a terra do meu próprio jardim. Andei, por muito tempo, cuidando de situações que me conduziram a lugares nunca antes idealizados por mim... enfim, fiz história, mas não protagonizei tal enredo.
Depois de um tempo de vida, acordei. Percebi que, realmente, fui egoísta. Tive a pretensão de roubar a felicidade do mundo e ir morar com ela, para o resto da minha vida.
Admito, também, que fui mimada. Tudo porque, sempre tive a certeza que nasci para ser cuidada, para ser protegida e para ser amada... não por laços de sangue, tão pouco por redomas de vidro, mas por elos de carinho, de confiança e principalmente de respeito pelas minhas vontades e pelas minhas escolhas.
Depois de algum tempo eu acordei e percebi que o que eu esperava dessa vida não era lá muita coisa, apenas o necessário para que minha alma não murchasse, para que meus olhos não secassem e para que meu riso não cedesse lugar, constantemente, às lágrimas.
Esperava apenas pela liberdade de ir e vir, de abraçar as pessoas que me fizessem bem, de escrever sem medo, de viver sem pressa, de viver sem culpa, de fazer valer as minhas pequenas vontades frente às grandes ignorâncias da vida.
Depois de algum tempo, eu acordei, me olhei e tomei algumas decisões: apaguei a luz dos meus sonhos, fechei a porta dos meus desalentos e voltei a dormir... como sempre fiz, a minha vida inteira!
Gilmara Giavarina
domingo, 5 de setembro de 2010
Ciúme... o rival do amor!
Às vezes fico divagando, entre as milhares de hipóteses possíveis, para entender um pouquinho desse sentimento tão indecifrável chamado “ciúmes”. Horas e horas de perguntas, sem ao menos uma única resposta palpável. Sentimento que quando instalado na vida, despeja o amor do coração. Sentimento que além de mascarar a realidade e fantasiar os fatos, é capaz de mover milhares de montanhas em lugares onde elas nem sequer existem.
Acredito que o ciúme é sinônimo de “posse”, e não de união. Acredito que o ciúme vem agregado ao domínio de corpos e não a complementação de almas.
Acredito que o ciúme, numa relação, é sempre um ponto de interrogação, que mais dia, menos dia, terminará com um ponto final. Isso porque ninguém aguenta intercalar, com um ponto e vírgula, cada passo que dá na vida para tentar explicar o que, na maioria das vezes, nem possui explicação.
Percebo que o ciúme é a espera contínua de uma traição, como se ela estivesse pré- determinada para acontecer... um ilusionismo, como uma lente de aumento trabalhando incansavelmente em tempo real.
Eu sempre fui uma pessoa que acreditei no amor, mas depois de um tempo, passei a questioná-lo. Percebo que o amor foi substituído por tantos outros sentimentos. Hoje, a maioria dos corações, dificilmente batem, pois aprenderam a variar o ritmo, conforme a ocasião.
Eu, infelizmente, não consigo mascarar as batidas do meu. O ritmo do meu coração obedece a minha alegria ou o meu desespero. Mas hoje, diante dos fatos, tenho que admitir que o ritmo dessa vida é outro. Os valores são outros. Os amores que eu pensava existir, foram substituídos por cobranças, regras, determinações e imposições, que por mais que me esforce, não consigo entender.
Na minha concepção, amor que aprisiona não é amor...
Amor não é sinônimo de medo, de insegurança, de tristeza, de desespero.
Amor é sinônimo de alegria, de segurança, de liberdade, de vida!
Como justificar o excesso de ciúme pelo excesso de amor?
Como se o verdadeiro amor cobrasse atenção...
Como se o verdadeiro amor tivesse regras para existir...
Como se o verdadeiro amor determinasse a hora de sorrir ou a hora de chorar...
Como se o verdadeiro amor impusesse o único caminho para seguir ou para parar...
Não é esse o amor que eu acredito existir, e é por isso que não acabarei essa crônica com um ponto final, mas com uma reticências, porque eu jamais entenderei como o ciúme, na maioria das vezes, consegue superar o amor...
Gilmara Giavarina
Acredito que o ciúme é sinônimo de “posse”, e não de união. Acredito que o ciúme vem agregado ao domínio de corpos e não a complementação de almas.
Acredito que o ciúme, numa relação, é sempre um ponto de interrogação, que mais dia, menos dia, terminará com um ponto final. Isso porque ninguém aguenta intercalar, com um ponto e vírgula, cada passo que dá na vida para tentar explicar o que, na maioria das vezes, nem possui explicação.
Percebo que o ciúme é a espera contínua de uma traição, como se ela estivesse pré- determinada para acontecer... um ilusionismo, como uma lente de aumento trabalhando incansavelmente em tempo real.
Eu sempre fui uma pessoa que acreditei no amor, mas depois de um tempo, passei a questioná-lo. Percebo que o amor foi substituído por tantos outros sentimentos. Hoje, a maioria dos corações, dificilmente batem, pois aprenderam a variar o ritmo, conforme a ocasião.
Eu, infelizmente, não consigo mascarar as batidas do meu. O ritmo do meu coração obedece a minha alegria ou o meu desespero. Mas hoje, diante dos fatos, tenho que admitir que o ritmo dessa vida é outro. Os valores são outros. Os amores que eu pensava existir, foram substituídos por cobranças, regras, determinações e imposições, que por mais que me esforce, não consigo entender.
Na minha concepção, amor que aprisiona não é amor...
Amor não é sinônimo de medo, de insegurança, de tristeza, de desespero.
Amor é sinônimo de alegria, de segurança, de liberdade, de vida!
Como justificar o excesso de ciúme pelo excesso de amor?
Como se o verdadeiro amor cobrasse atenção...
Como se o verdadeiro amor tivesse regras para existir...
Como se o verdadeiro amor determinasse a hora de sorrir ou a hora de chorar...
Como se o verdadeiro amor impusesse o único caminho para seguir ou para parar...
Não é esse o amor que eu acredito existir, e é por isso que não acabarei essa crônica com um ponto final, mas com uma reticências, porque eu jamais entenderei como o ciúme, na maioria das vezes, consegue superar o amor...
Gilmara Giavarina
sábado, 4 de setembro de 2010
Descer do salto é muito bom!
Hoje estive observando como as pessoas escondem a verdadeira identidade sob um fictício lençol de seda."Aparências, nada mais..."
Era sexta-feira. Estávamos em um grupo, de mais ou menos quinze pessoas, conversando sobre nossas preferências musicais. Um gosto mais requintado que o outro. Nomes na mídia, da moda, da elegância. Alguns dos quais nunca tinha ouvido falar na vida! E dá-lhe vinho importado com torradinhas light...
Eu era a única do grupo que admitia gostar de música brega e confessava, sem nehum receio, minha estupenda vontade de comer uma pizza com um duplo copo de coca-cola gelada. Lógico que fui alvo das piadinhas... e, como sempre, não fiquei nem um tatinnho preocupada. Mas como Deus também deve gostar de música brega e detestar comida light, deu-me a intuição de chamar a turma para um duelo no videokê, regado a batata chips enlatada, já que o assunto estava escasso, "morno" e sem graça. Depois de um certo charminho, todos aceitaram. De sacanagem, comecei pela sofistificação. Selecionei os top hitts que eles tanto idolatravam na conversa anterior. Ninguém se habilitava a cantar. Mudei a tática. Escolhi um repertório pra lá de brega, tipo: “Porto Solidão”, “Ursinho Blau Blau”, “Casinha Branca”... Rosana, Kátia, Sidney Magal...e não é que a coisa pegou fogo??? Deu até briga para agarrar o microfone. O grupo sabia decor as letras e nem destoava no ritmo! Ahhhh, aí foi a minha vez de zoar... mas eles estavam tão empolgados que nem se importavam!!! A festa estendeu-se até às 4h da madrugada. As mulheres desceram do salto e sambaram descalças. Os homens trocaram o vinho pela cuba libre e voltaram a ser crianças dentro da piscina. Foi a melhor festa do ano! Nunca rimos tanto com as performances, que até então, escondiam-se atrás do tal “cetim importado”...
Adoro ser responsável por incendiar as aparências, deixando que os corações se aqueçam na brasa da autenticidade. Acredito que é isso é que faz a real diferença na vida: sair do armário, soltar a purpurina do potinho, correr descalça na chuva e admitir que ser adulto em tempo integral é um verdadeiro porre!!!
Era sexta-feira. Estávamos em um grupo, de mais ou menos quinze pessoas, conversando sobre nossas preferências musicais. Um gosto mais requintado que o outro. Nomes na mídia, da moda, da elegância. Alguns dos quais nunca tinha ouvido falar na vida! E dá-lhe vinho importado com torradinhas light...
Eu era a única do grupo que admitia gostar de música brega e confessava, sem nehum receio, minha estupenda vontade de comer uma pizza com um duplo copo de coca-cola gelada. Lógico que fui alvo das piadinhas... e, como sempre, não fiquei nem um tatinnho preocupada. Mas como Deus também deve gostar de música brega e detestar comida light, deu-me a intuição de chamar a turma para um duelo no videokê, regado a batata chips enlatada, já que o assunto estava escasso, "morno" e sem graça. Depois de um certo charminho, todos aceitaram. De sacanagem, comecei pela sofistificação. Selecionei os top hitts que eles tanto idolatravam na conversa anterior. Ninguém se habilitava a cantar. Mudei a tática. Escolhi um repertório pra lá de brega, tipo: “Porto Solidão”, “Ursinho Blau Blau”, “Casinha Branca”... Rosana, Kátia, Sidney Magal...e não é que a coisa pegou fogo??? Deu até briga para agarrar o microfone. O grupo sabia decor as letras e nem destoava no ritmo! Ahhhh, aí foi a minha vez de zoar... mas eles estavam tão empolgados que nem se importavam!!! A festa estendeu-se até às 4h da madrugada. As mulheres desceram do salto e sambaram descalças. Os homens trocaram o vinho pela cuba libre e voltaram a ser crianças dentro da piscina. Foi a melhor festa do ano! Nunca rimos tanto com as performances, que até então, escondiam-se atrás do tal “cetim importado”...
Adoro ser responsável por incendiar as aparências, deixando que os corações se aqueçam na brasa da autenticidade. Acredito que é isso é que faz a real diferença na vida: sair do armário, soltar a purpurina do potinho, correr descalça na chuva e admitir que ser adulto em tempo integral é um verdadeiro porre!!!
Mudando o rumo dos Contos de Fadas...
Os irmãos Grimm eram homens. Isso explica o enredo fantasioso e previsível dos seus Contos. Se eles fossem mulheres, os finais das suas histórias teriam outro rumo, com certeza.
Veja o caso de Branca de Neve, por exemplo. Que mulher inteligente perderia grande parte do seu tempo conversando com pardais? Que mulher, em sã consciência, se alegraria com o trabalho duro de retirar água de um poço manual? Que mulher, no seu juízo perfeito, sairia de casa com aquele vestidinho cafona, esperando ser beijada por um príncipe? E quando a “lesada” se perde na floresta, então? Não era ela que vivia conversando com os veadinhos naqueles bosques, como não sabe se virar por aquelas bandas? O pior é quando a moça encontra o tal chalé abandonado e limpa-o com satisfação, sem exigir um tostão dos anões pela faxina. Que mulher, em seu lugar, não mandaria a neura da limpeza catar coquinho? O cúmulo foi a “sem noção” preparar uma sopa vegetariana, com todos aqueles coelhos dando sopa pela cozinha! A “thirda” ainda conseguiu cair no conto da maçã envenenada e de sobra, esqueceu, depois da morte da madrasta, de reclamar a herança do pai, deixando todos os seus bens para o Governo Real... ahh Jesus, me chicoteia!
A chata da Chapeuzinho Vermelho então, nem se fala! O que é o fim daquela touca chinfrim na cabeça? Uma menina daquele tamanho, cantando pela estrada a fora, em pleno matagal? Tá bom... e eu sou o Bozo!!!
E onde estava o juízo daquela mãe, deixando uma criança tão tontinha dessa perambular sozinha pela estrada? Onde estava o pessoal do CRAMI que não tirou a guarda dessa desnaturada? E o que a sua avó estava fazendo no meio da floresta, sem celular ou conexão com a internet? Se a “véia” não conseguia nem levantar da cama, como conseguiu se esconder dentro do armário? Pior que isso é ninguém perceber o preocupante grau de miopia da menina, fala sério, confundir a própria avó com um lobo é, no mínimo, sacanagem! P.Q.P. !!!
A Cinderela então, é uma patacoada! Quem seria imbecil para usar um sapatinho de vidro e correr o risco de cortar o pé, num tropeção? E como se explica o sapatinho intacto, se o encanto perdeu a validade a meia noite? E vamos combinar, né? Que príncipe mais babaca aquele, dançar o baile todo com a moça e nem perguntar o número do seu telefone celular. Foi imperdoável!
A Bela e a Fera extrapola os limites da minha aceitação. Tá na cara que a moça era uma interesseira. Com um palácio daqueles, até eu encarava a Fera...
Sabe que eu acho o peludo bem mais simpático que aquele loiro gay e aguado que aparece no final da história?
E o Gastão, o que é aquilo? Quem se apaixonaria por aquele monstro? Se eu fosse a autora desses contos, mudaria todos os finais!
Na minha versão, Branca de Neve teria um caso com o caçador, matando de inveja a madrasta, que teria que se contentar com um dos anões, os únicos homens disponíveis no reino! O príncipe, só apareceria depois, para pagar as contas do castelo, cuidar dos cavalos e alimentar os bambis da floresta, afinal, aquela capinha vermelha com boininha de pena nunca me enganaram...
No caso da Chapeuzinho, em primeiro lugar, daria um fim estratégico naquele ponche cafona. Depois, com um vestido moderno da Lilica Ripilica®, Chapeuzinho arrumaria, além da cesta de doces para vovozinha, as suas próprias malas. Se a mãe abandonou a própria progenitora o que faria com a filha, daqui há alguns anos? Morar com a avó seria mais seguro. Depois, mandaria um e-mail para o Good Angels® para procurar o paradeiro do seu pai, jamais mencionado na história. Quanto ao lobo, o mandaria concentrar suas energias no sopro dos três porquinhos e deixar a coitada da senhorinha em paz, afinal, ele morreria no final de qualquer história mesmo, sendo de um jeito ou de outro!
Quanto a Cinderela, entraria com uma liminar na Procuradoria Pública prorrogando o encanto do sapatinho por dois anos e depois, assistiria de camarote, quanto tempo a coitada aguentaria o papo furado daquele almofadinha. Eu não daria mais que três meses para vê-la, solicitar por escrito, o cancelamento do encanto. Aposto todas minhas fichas nisso!
Já a Bela teria um final feliz com a Fera. Suas filhas nasceriam gordas e peludas e seus filhos, delicados e esguios.
Seria uma família feliz! A Bela abriria seu próprio salão de depilação, já que sempre foi “fera” nesse trabalho!
A Fera investiria suas economias num Sex Shop, já que sempre foi um “animal” nesse ramo. Quanto as entregas a domicílio, deixaria aos cuidados do sogro. Gastão viraria go-go boy e seria explorado pelas mulheres... bem feito!
Se eu fosse a autora dessas histórias, mudaria o rumo de todos os acontecimentos, colocaria dinamismo nos enredos... mas como não sou, paciência, muita paciência...
Gilmara Giavarina
Veja o caso de Branca de Neve, por exemplo. Que mulher inteligente perderia grande parte do seu tempo conversando com pardais? Que mulher, em sã consciência, se alegraria com o trabalho duro de retirar água de um poço manual? Que mulher, no seu juízo perfeito, sairia de casa com aquele vestidinho cafona, esperando ser beijada por um príncipe? E quando a “lesada” se perde na floresta, então? Não era ela que vivia conversando com os veadinhos naqueles bosques, como não sabe se virar por aquelas bandas? O pior é quando a moça encontra o tal chalé abandonado e limpa-o com satisfação, sem exigir um tostão dos anões pela faxina. Que mulher, em seu lugar, não mandaria a neura da limpeza catar coquinho? O cúmulo foi a “sem noção” preparar uma sopa vegetariana, com todos aqueles coelhos dando sopa pela cozinha! A “thirda” ainda conseguiu cair no conto da maçã envenenada e de sobra, esqueceu, depois da morte da madrasta, de reclamar a herança do pai, deixando todos os seus bens para o Governo Real... ahh Jesus, me chicoteia!
A chata da Chapeuzinho Vermelho então, nem se fala! O que é o fim daquela touca chinfrim na cabeça? Uma menina daquele tamanho, cantando pela estrada a fora, em pleno matagal? Tá bom... e eu sou o Bozo!!!
E onde estava o juízo daquela mãe, deixando uma criança tão tontinha dessa perambular sozinha pela estrada? Onde estava o pessoal do CRAMI que não tirou a guarda dessa desnaturada? E o que a sua avó estava fazendo no meio da floresta, sem celular ou conexão com a internet? Se a “véia” não conseguia nem levantar da cama, como conseguiu se esconder dentro do armário? Pior que isso é ninguém perceber o preocupante grau de miopia da menina, fala sério, confundir a própria avó com um lobo é, no mínimo, sacanagem! P.Q.P. !!!
A Cinderela então, é uma patacoada! Quem seria imbecil para usar um sapatinho de vidro e correr o risco de cortar o pé, num tropeção? E como se explica o sapatinho intacto, se o encanto perdeu a validade a meia noite? E vamos combinar, né? Que príncipe mais babaca aquele, dançar o baile todo com a moça e nem perguntar o número do seu telefone celular. Foi imperdoável!
A Bela e a Fera extrapola os limites da minha aceitação. Tá na cara que a moça era uma interesseira. Com um palácio daqueles, até eu encarava a Fera...
Sabe que eu acho o peludo bem mais simpático que aquele loiro gay e aguado que aparece no final da história?
E o Gastão, o que é aquilo? Quem se apaixonaria por aquele monstro? Se eu fosse a autora desses contos, mudaria todos os finais!
Na minha versão, Branca de Neve teria um caso com o caçador, matando de inveja a madrasta, que teria que se contentar com um dos anões, os únicos homens disponíveis no reino! O príncipe, só apareceria depois, para pagar as contas do castelo, cuidar dos cavalos e alimentar os bambis da floresta, afinal, aquela capinha vermelha com boininha de pena nunca me enganaram...
No caso da Chapeuzinho, em primeiro lugar, daria um fim estratégico naquele ponche cafona. Depois, com um vestido moderno da Lilica Ripilica®, Chapeuzinho arrumaria, além da cesta de doces para vovozinha, as suas próprias malas. Se a mãe abandonou a própria progenitora o que faria com a filha, daqui há alguns anos? Morar com a avó seria mais seguro. Depois, mandaria um e-mail para o Good Angels® para procurar o paradeiro do seu pai, jamais mencionado na história. Quanto ao lobo, o mandaria concentrar suas energias no sopro dos três porquinhos e deixar a coitada da senhorinha em paz, afinal, ele morreria no final de qualquer história mesmo, sendo de um jeito ou de outro!
Quanto a Cinderela, entraria com uma liminar na Procuradoria Pública prorrogando o encanto do sapatinho por dois anos e depois, assistiria de camarote, quanto tempo a coitada aguentaria o papo furado daquele almofadinha. Eu não daria mais que três meses para vê-la, solicitar por escrito, o cancelamento do encanto. Aposto todas minhas fichas nisso!
Já a Bela teria um final feliz com a Fera. Suas filhas nasceriam gordas e peludas e seus filhos, delicados e esguios.
Seria uma família feliz! A Bela abriria seu próprio salão de depilação, já que sempre foi “fera” nesse trabalho!
A Fera investiria suas economias num Sex Shop, já que sempre foi um “animal” nesse ramo. Quanto as entregas a domicílio, deixaria aos cuidados do sogro. Gastão viraria go-go boy e seria explorado pelas mulheres... bem feito!
Se eu fosse a autora dessas histórias, mudaria o rumo de todos os acontecimentos, colocaria dinamismo nos enredos... mas como não sou, paciência, muita paciência...
Gilmara Giavarina
Direção perigosa
Dirigir minha ansiedade é tarefa quase impossível!
Não sei engatar primeira. Já quero sair de quarta.
Marcha lenta? Só depois das colisões.
Diante do estrago, causado por direção imprudente e pela velocidade, acima do permitido, ando por um bom tempo com o freio de mão puxado, analisando, ressabiada, os obstáculos pelo retrovisor...
Minhas idéias não entram em ponto morto, nunca!
Vivem no piloto automático.
Raramente dou seta.Viro, de repente, sem aviso prévio! Estaciono, na maioria das vezes, em local proibido.
Minha ousadia não aceita balizas, por isso vivo, constantemente, pendurada em multas!
Gilmara Giavarina
Não sei engatar primeira. Já quero sair de quarta.
Marcha lenta? Só depois das colisões.
Diante do estrago, causado por direção imprudente e pela velocidade, acima do permitido, ando por um bom tempo com o freio de mão puxado, analisando, ressabiada, os obstáculos pelo retrovisor...
Minhas idéias não entram em ponto morto, nunca!
Vivem no piloto automático.
Raramente dou seta.Viro, de repente, sem aviso prévio! Estaciono, na maioria das vezes, em local proibido.
Minha ousadia não aceita balizas, por isso vivo, constantemente, pendurada em multas!
Gilmara Giavarina
Um show intimamente particular
Sou fã incondicional doa banda Roupa Nova. Adoro o estilo romântico, a poesia das letras, a melodia da voz. Não perco um show. Tenho todos os CDs, todos os DVDs. No último show, que aconteceu em Bauru, fui sozinha. Meu marido estava viajando. Cheguei duas horas mais cedo e fiquei quase no gargarejo. Lotação geral. Logo na segunda música, me chamou atenção o comportamento de uma mulher. Muito bonita, aparentando uns trinta e oito anos. Não abria os olhos, nem por um momento. Entrava música e terminava música e lá estava ela, de olhos cerrados, acompanhando as melodias, ora sorrindo, ora compenetrada. Seu show era particular, com cenário personalizado. Permaneceu assim durante todo o show. Na última música, permitiu que a vida voltasse a pulsar em seus devaneios. Lágrimas jorravam dos seus olhos, sem permissão. Não tive coragem de invadir suas lembranças. Fiquei pensando... qual sentido teria aquelas músicas em sua vida? Quais os flashes foram compostos por aquelas trilhas sonoras? Aquelas lágrimas denunciavam saudades, decepções ou alegrias? Cenas foram revividas, reiventadas ou eternizadas? Momentos que foram sepultados ou uniões sacramentadas?
A vida tem cor. Em alguns momentos, as cores primárias são evidenciadas, em outros, os tons se misturam, aquarelando a sobriedade dos nossos sentimentos. O cinza é a base, o fundo. Cabe a nós uma demão amarelo ouro para iluminar a tela.
A vida tem som. Isso é inevitável. Cada melodia nos remete uma cena. O som da saudade, o som do arrependimento, o som do nascimento, o som da perda. O som do dia, o som da noite. O som do choro, o som do riso.
A vida tem cheiro. O cheiro das pessoas que amamos. O cheiro das más recordações. Cheiro de brisa, de chuva, de mar. Cheiro das almôndegas da minha avó, do pão caseiro da minha mãe, da colônia pós-barba do meu pai, do leite com groselha da minha infância. Cheiro de tangerina, de limão rosa, de pitanga misturada com amora.
A vida tem gosto. Gosto de leite condensado cozido , de pimenta malagueta utilizada no feijão da tia Nice, gosto de manga verde no pé. Gosto de pecados, nem sempre confessados. Gosto de beijo na boca, gosto de achocolatado morno, de suco de morango gelado, de sorvete de abacaxi com vinho, de café sem açúcar... de leite ninho com canela, de geléia de mocotó no copo. Gosto de azedo, gosto de vingança, gosto de vitória, gosto de traição.
Cada gosto, uma lembrança. Cada cheiro, uma história.
Cada som, uma memória. Cada cor, um acontecimento.
Fatos que compõem uma vida.
Naquele show, os músicos não eram mais importantes do que o som que produziam. Nada foi maior que o espetáculo particular do qual aquela mulher reviveu. Jamais saberei o motivo daquelas lágrimas, porém tenho a certeza que ali, naquele momento, havia uma fascinante história.
Não sei a cor, não senti o cheiro, não provei o gosto, apenas compartilhei do mesmo som...
Um mesmo som, que possibilitou a ressurreição de centenas de lembranças. Ali, naquele espaço, havia uma explosão de cores, uma mistura de cheiros, uma composição de gostos, uma junção de acordes e uma amálgama de emoções eclodindo num só coro, estilhaçando-se em inúmeras interpretações!
Gilmara Giavarina
A vida tem cor. Em alguns momentos, as cores primárias são evidenciadas, em outros, os tons se misturam, aquarelando a sobriedade dos nossos sentimentos. O cinza é a base, o fundo. Cabe a nós uma demão amarelo ouro para iluminar a tela.
A vida tem som. Isso é inevitável. Cada melodia nos remete uma cena. O som da saudade, o som do arrependimento, o som do nascimento, o som da perda. O som do dia, o som da noite. O som do choro, o som do riso.
A vida tem cheiro. O cheiro das pessoas que amamos. O cheiro das más recordações. Cheiro de brisa, de chuva, de mar. Cheiro das almôndegas da minha avó, do pão caseiro da minha mãe, da colônia pós-barba do meu pai, do leite com groselha da minha infância. Cheiro de tangerina, de limão rosa, de pitanga misturada com amora.
A vida tem gosto. Gosto de leite condensado cozido , de pimenta malagueta utilizada no feijão da tia Nice, gosto de manga verde no pé. Gosto de pecados, nem sempre confessados. Gosto de beijo na boca, gosto de achocolatado morno, de suco de morango gelado, de sorvete de abacaxi com vinho, de café sem açúcar... de leite ninho com canela, de geléia de mocotó no copo. Gosto de azedo, gosto de vingança, gosto de vitória, gosto de traição.
Cada gosto, uma lembrança. Cada cheiro, uma história.
Cada som, uma memória. Cada cor, um acontecimento.
Fatos que compõem uma vida.
Naquele show, os músicos não eram mais importantes do que o som que produziam. Nada foi maior que o espetáculo particular do qual aquela mulher reviveu. Jamais saberei o motivo daquelas lágrimas, porém tenho a certeza que ali, naquele momento, havia uma fascinante história.
Não sei a cor, não senti o cheiro, não provei o gosto, apenas compartilhei do mesmo som...
Um mesmo som, que possibilitou a ressurreição de centenas de lembranças. Ali, naquele espaço, havia uma explosão de cores, uma mistura de cheiros, uma composição de gostos, uma junção de acordes e uma amálgama de emoções eclodindo num só coro, estilhaçando-se em inúmeras interpretações!
Gilmara Giavarina
segunda-feira, 30 de agosto de 2010
Quem sou eu?
Acho tão estranha essa pergunta: “Quem é você?”. Já perceberam como ela está presente em quase todos os lugares que nos embrenhamos? Dia desses fui preencher um questionário na NET, e lá estava a tal perguntinha: “Responda, em no máximo seis linhas, quem é você.” Como isso é possível? Nenhum ser humano do mundo tem esse poder de redução. Eu, por exemplo, sou tantas coisas nessa vida, como posso “me espremer” em seis míseras linhas? Bom... depois de uns dias, como parte de um processo seletivo, lá estava eu, esperando na sala do escritório, a avalanche de perguntas na segunda etapa do processo. De repente, entra a secretária com uma lista nas mãos e chama meu nome em voz alta. Entro, meio sem jeito, e deparo-me com uma baita sala de reuniões. Elegante e séria, a psicóloga do R.H. me aguarda silenciosa. Mal me acostumo com o ambiente e adivinha qual a primeira pergunta que aquela bendita senhora me faz. Isso mesmo. Analisando-me de cima embaixo, pergunta com um ar terrivelmente arrogante: “Quem é Gilmara?” Juro que me senti uma cagueta, deletando a mim mesma para uma senhora que eu nunca vi na vida. Como assim, quem sou eu ? Que falta de criatividade absurda é essa? Dá vontade de responder: Não sei não, nunca ouvi falar nessa pessoa. Enfim, parafraseei umas colocações um tanto ensaiadas e saí daquele lugar intrigada. Nem eu mesma conseguia me definir. Voltei para casa meio desanimada e então, para relaxar, resolvi criar uma página no orkut... e qual a primeira pergunta que eu tenho que responder??? Adivinhou quem pensou: “Quem sou eu ?”
Sabe que, pensando bem, essa é uma das respostas mais difíceis que eu já respondi em toda a minha vida. Difícil porque, muitas vezes, nem eu mesma consigo me entender. Acho que posso ser definida como uma “mulher simplesmente complicada”. E confesso: não estou nem um pouco preocupada em descomplicar essa minha imagem. Gosto de ser polêmica, “amada ou odiada”... mas única! Sempre fui livre. Nasci livre, cresci livre e morrerei livre. A última vez que tentaram prender os meus pés no presente e algemar minhas mãos na terra, entreguei minhas horas ao silêncio e me permiti definhar lentamente de tristeza. Minha alma é livre, meu coração é livre. O cárcere não me limita, me mata. A liberdade é o meu oxigênio. Sou livre em meus pensamentos, em meus anseios, em minhas saudades, em minhas vontades, em minhas loucuras. Sou vida, sou simplicidade, sou alegria! Às vezes meus invernos internos chegam em pleno verão externo. E neles, me permito enclausurar. Embaixo dos cobertores, que são meus únicos álibis, choro por dias a fio, agonizando minha alma no vácuo nebuloso das minhas incertezas. Nessas horas preciso de carinho, de colo e de silêncio. Preciso de um tempo para vencer a minha própria solidão. Talvez porque sempre fui mais asas que chão, muito mais a segurança do amor, do que o improviso da paixão. Sou um sentimento a flor da pele. Sou aquela menina com flor no cabelo. Sou uma mulher com flores nos olhos. Sou como arte abstrata que precisa ser decifrada, interpretada, estudada, sentida, apreciada... e principalmente aceita.
Confesso que sou uma mulher do tipo nada convencional: não gosto de ganhar flores, não gosto de ganhar jóias, detesto perder tempo no cabeleireiro, corto volta dos shoppings e recuso, incontestavelmente, convites de festas e jantares sofisticados.
Gosto de encontros naturais, amo a sofisticação da simplicidade. Gosto mesmo é de comprar bugigangas nas feirinhas de artesanatos da cidade e de contar piadas, em churrasquinhos, nos finais de semana. Gosto de varar a madrugada tomando vinho com os amigos no sofá ou nos puffs espalhados pela sala, ou de comer uma bela pizza de calabreza assistindo uma comédia romântica na hora que me “der na telha”. Sou uma mulher que é mais fácil se render a um olhar penetrante, do que a um valioso anel de diamante. Gosto de me embriagar com cheiros, com aromas, com sabores, com prazeres. Gosto de ser alimentada pelas mãos sedutoras de um homem, na calmaria da minha varanda, ao invés de ser servida pela gentileza de um garçom, no luxo de um restaurante de grana. Etiquetas, luxos diplomas e afins nunca me impressionaram. Acho gente rica um porre! Gosto mesmo é de andar livre, leve e solta pelos meus domínios, descalça no verão e de meias no inverno. Scarpin e salto agulha são instrumentos de tortura pra mim. Não que eu despreze as delicadezas e as sutilezas mas, sinceramente, prefiro aqueles “trancos” de arrancar suspiros e tremores. Gosto de poesia declamada, mas também de frases desconexas e sussurradas no pé d’ouvido. Gosto de mãos dadas, mas me rendo a outros tipos de pegadas. Gosto de sorrisos repentinos, de piscadas maliciosas, de olhadas mal intencionadas. Gosto de ficar na dúvida para decifrar pequenas e interessantes charadas. Gosto de surpreender, mas muito mais de ser surpreendida. Gosto, às vezes, de ficar na espera... de sentir uma certa instabilidade, para depois sentir-me a mulher mais segura de todos os tempos. Gosto de trocar idéia com gente interessante, aprecio o bom humor mais do que qualquer qualidade e também curto ficar sem fazer nada, absolutamente nada. Gosto de preservar o meu espaço, preciso de tempo para minhas reflexões constantes. Nessas horas gosto da noite, muito mais que do dia. Faço dezenas de poemas e varo a madrugada cantando e chorando com Júlio Iglesias e Joanna. Podem rir. Sou brega mesmo. Eu amo a sensibilidade dos bregas, principalmente quando estou nostálgica e apaixonada. Porém, em outros momentos, torço para que o dia prolongue suas horas. Nesses momentos, sou mais gargalhada do que sorrisos e mais pudim de leite condensado do que cake com caramelo. Nesses dias sou videokê, acompanhada com chocolate e Coca-Cola. Nesses dias sou vinho com sexo. Sou beijo com carinho. Sou abraço com rodopio. Sou poesia com canções de amor. Sou muito mais sonhadora do que realista. Sou alguém que vai morrer acreditando no ser humano, nas amizades e na concretização de todos os meus sonhos. Sabe de uma coisa? Sou apaixonada por muitas coisas nessa vida: por autores maravilhosos, por músicas deliciosas, por pessoas encantadoras, por cinema, por teatro, por culturas diferentes...
Também sou apaixonada pela fé, e pela energia que certas pessoas demonstram em seguir em frente mesmo quando é nítido que o mar está voltando contra seus esperados milagres.
Tenho paixão pelas pessoas que fazem bem para minha vida, pelos ambientes que acolhem meus pés com carinho, pelas palavras que adoçam meu coração sem medida, pela vida que ainda não foi totalmente explorada pelos meus exageros.
Sou feita de cores, de flores, de aromas, de sensações.
Ahhh se eu pudesse realizar materializações isoladas da minha alma!!! Inundaria essa vida com meus sonhos cor-de-rosa. Essa cor que, pra mim, representa a infância, a ingenuidade, a alegria.
Se eu pudesse me transformar numa nota musical, seria o sol.
Se eu pudesse me transformar numa uma flor, seria um beijo branco. Pequeno, delicado e castro... mas que todo mundo conhece! Se eu fosse uma palavra seria representada pela “teimosia”.
E se eu fosse um instrumento musical, com certeza, seria uma harpa. O músico, para me tocar, teria que primeiro fechar os olhos e envolver-me com seus braços, e somente depois, teria a honra de contemplar o som que emanaria do meu coração.
Eu sei que não sou uma pessoa muito fácil de se entender mesmo... quando o assunto é “alma, coração e vida”, nunca me contentei com migalhas. Quero sempre o além, o mais, o extra!
Me considero uma simples mortal brincando de pega-pega com os Deuses. Às vezes Eles me emprestam suas asas e deixam-me sentir parte Deles. Nessas horas sou o mar, sou o pôr-do-sol, sou a maresia, sou o cheiro de chuva! Em alguns instantes, chego a sentir-me deitada, no aconchego do colo do meu Criador... sinto pulsar a imortalidade da minha alma na frágil vidraça do meu corpo. Nessas horas, sinto-me forte. Não tenho medo de nada. Enfrento qualquer tempestade na escuridão. Mas quando percebo espalhar o Seu cheiro pelos ares, sinto que estou novamente só, porém, mais livre ainda, mais liberta, mais menina... aí sou um tanto doce demais, mais infantil que o normal, mais leve que o habitual! Nesses dias sou aquele calorzinho com chuvisco, que quase sempre acaba com um lindo arco-íris nos olhos.
Em dias comuns, não sou compras, nem vitrines. Não sou moda, nem griffe. Sou camping com pescaria. Sou pé no chão. Gosto de sentir o terreno onde estou pisando. Se a barra está quente, corro e pulo fora! Aprendo rápido o que eu quero... e só faço o que me dá prazer! Faço questão que as pessoas que eu amo saibam disso o tempo todo. Penso o mesmo com aquelas que eu não suporto. Infelizmente, uma virtude que eu não tenho é “paciência”. E nem me esforço para adquiri-la. Gosto da minha impulsividade.
Também tenho milhões de defeitos: sou exagerada, dramática, mimada, intransigente, quebro as regras, omito os fatos, falo demais, escuto de menos... mas alguma mulher, exceto Madre Tereza de Calcutá, é diferente???
Sou teimosa ao extremo: como a sobremesa antes do almoço, deixo para amanhã o que eu posso fazer hoje, vou deitar de madrugada mesmo tendo compromisso importante às 7h da manhã seguinte, omito sobre o verdadeiro saldo do meu cartão de crédito, compro dezenas de livros novos, mesmo sem ter lido um terço dos que eu comprei no mês passado, entro offline no MSN para escolher com quem eu quero conversar, deixo de pagar uma conta para passar uma noite no Motel com meu marido, e por aí vai... são pequenas regras que podem e devem ser quebradas, sem que você perca seu lugarzinho no céu por isso.
Muitas vezes sou temperamental: acordo e me recuso a levantar da cama, exijo que as pessoas leiam o meu pensamento e façam as minhas vontades, detesto que me incomodem quando estou escrevendo, e reclamo da sacanagem de me deixarem por muito tempo sozinha quando estou relaxando...
Enfim, é por essas e outras que fico P. da vida quando me perguntam quem sou eu... e ainda restringem minha resposta em seis linhas... ahhh, fala sério: isso, por acaso, é normal?????
Gilmara Giavarina
Sabe que, pensando bem, essa é uma das respostas mais difíceis que eu já respondi em toda a minha vida. Difícil porque, muitas vezes, nem eu mesma consigo me entender. Acho que posso ser definida como uma “mulher simplesmente complicada”. E confesso: não estou nem um pouco preocupada em descomplicar essa minha imagem. Gosto de ser polêmica, “amada ou odiada”... mas única! Sempre fui livre. Nasci livre, cresci livre e morrerei livre. A última vez que tentaram prender os meus pés no presente e algemar minhas mãos na terra, entreguei minhas horas ao silêncio e me permiti definhar lentamente de tristeza. Minha alma é livre, meu coração é livre. O cárcere não me limita, me mata. A liberdade é o meu oxigênio. Sou livre em meus pensamentos, em meus anseios, em minhas saudades, em minhas vontades, em minhas loucuras. Sou vida, sou simplicidade, sou alegria! Às vezes meus invernos internos chegam em pleno verão externo. E neles, me permito enclausurar. Embaixo dos cobertores, que são meus únicos álibis, choro por dias a fio, agonizando minha alma no vácuo nebuloso das minhas incertezas. Nessas horas preciso de carinho, de colo e de silêncio. Preciso de um tempo para vencer a minha própria solidão. Talvez porque sempre fui mais asas que chão, muito mais a segurança do amor, do que o improviso da paixão. Sou um sentimento a flor da pele. Sou aquela menina com flor no cabelo. Sou uma mulher com flores nos olhos. Sou como arte abstrata que precisa ser decifrada, interpretada, estudada, sentida, apreciada... e principalmente aceita.
Confesso que sou uma mulher do tipo nada convencional: não gosto de ganhar flores, não gosto de ganhar jóias, detesto perder tempo no cabeleireiro, corto volta dos shoppings e recuso, incontestavelmente, convites de festas e jantares sofisticados.
Gosto de encontros naturais, amo a sofisticação da simplicidade. Gosto mesmo é de comprar bugigangas nas feirinhas de artesanatos da cidade e de contar piadas, em churrasquinhos, nos finais de semana. Gosto de varar a madrugada tomando vinho com os amigos no sofá ou nos puffs espalhados pela sala, ou de comer uma bela pizza de calabreza assistindo uma comédia romântica na hora que me “der na telha”. Sou uma mulher que é mais fácil se render a um olhar penetrante, do que a um valioso anel de diamante. Gosto de me embriagar com cheiros, com aromas, com sabores, com prazeres. Gosto de ser alimentada pelas mãos sedutoras de um homem, na calmaria da minha varanda, ao invés de ser servida pela gentileza de um garçom, no luxo de um restaurante de grana. Etiquetas, luxos diplomas e afins nunca me impressionaram. Acho gente rica um porre! Gosto mesmo é de andar livre, leve e solta pelos meus domínios, descalça no verão e de meias no inverno. Scarpin e salto agulha são instrumentos de tortura pra mim. Não que eu despreze as delicadezas e as sutilezas mas, sinceramente, prefiro aqueles “trancos” de arrancar suspiros e tremores. Gosto de poesia declamada, mas também de frases desconexas e sussurradas no pé d’ouvido. Gosto de mãos dadas, mas me rendo a outros tipos de pegadas. Gosto de sorrisos repentinos, de piscadas maliciosas, de olhadas mal intencionadas. Gosto de ficar na dúvida para decifrar pequenas e interessantes charadas. Gosto de surpreender, mas muito mais de ser surpreendida. Gosto, às vezes, de ficar na espera... de sentir uma certa instabilidade, para depois sentir-me a mulher mais segura de todos os tempos. Gosto de trocar idéia com gente interessante, aprecio o bom humor mais do que qualquer qualidade e também curto ficar sem fazer nada, absolutamente nada. Gosto de preservar o meu espaço, preciso de tempo para minhas reflexões constantes. Nessas horas gosto da noite, muito mais que do dia. Faço dezenas de poemas e varo a madrugada cantando e chorando com Júlio Iglesias e Joanna. Podem rir. Sou brega mesmo. Eu amo a sensibilidade dos bregas, principalmente quando estou nostálgica e apaixonada. Porém, em outros momentos, torço para que o dia prolongue suas horas. Nesses momentos, sou mais gargalhada do que sorrisos e mais pudim de leite condensado do que cake com caramelo. Nesses dias sou videokê, acompanhada com chocolate e Coca-Cola. Nesses dias sou vinho com sexo. Sou beijo com carinho. Sou abraço com rodopio. Sou poesia com canções de amor. Sou muito mais sonhadora do que realista. Sou alguém que vai morrer acreditando no ser humano, nas amizades e na concretização de todos os meus sonhos. Sabe de uma coisa? Sou apaixonada por muitas coisas nessa vida: por autores maravilhosos, por músicas deliciosas, por pessoas encantadoras, por cinema, por teatro, por culturas diferentes...
Também sou apaixonada pela fé, e pela energia que certas pessoas demonstram em seguir em frente mesmo quando é nítido que o mar está voltando contra seus esperados milagres.
Tenho paixão pelas pessoas que fazem bem para minha vida, pelos ambientes que acolhem meus pés com carinho, pelas palavras que adoçam meu coração sem medida, pela vida que ainda não foi totalmente explorada pelos meus exageros.
Sou feita de cores, de flores, de aromas, de sensações.
Ahhh se eu pudesse realizar materializações isoladas da minha alma!!! Inundaria essa vida com meus sonhos cor-de-rosa. Essa cor que, pra mim, representa a infância, a ingenuidade, a alegria.
Se eu pudesse me transformar numa nota musical, seria o sol.
Se eu pudesse me transformar numa uma flor, seria um beijo branco. Pequeno, delicado e castro... mas que todo mundo conhece! Se eu fosse uma palavra seria representada pela “teimosia”.
E se eu fosse um instrumento musical, com certeza, seria uma harpa. O músico, para me tocar, teria que primeiro fechar os olhos e envolver-me com seus braços, e somente depois, teria a honra de contemplar o som que emanaria do meu coração.
Eu sei que não sou uma pessoa muito fácil de se entender mesmo... quando o assunto é “alma, coração e vida”, nunca me contentei com migalhas. Quero sempre o além, o mais, o extra!
Me considero uma simples mortal brincando de pega-pega com os Deuses. Às vezes Eles me emprestam suas asas e deixam-me sentir parte Deles. Nessas horas sou o mar, sou o pôr-do-sol, sou a maresia, sou o cheiro de chuva! Em alguns instantes, chego a sentir-me deitada, no aconchego do colo do meu Criador... sinto pulsar a imortalidade da minha alma na frágil vidraça do meu corpo. Nessas horas, sinto-me forte. Não tenho medo de nada. Enfrento qualquer tempestade na escuridão. Mas quando percebo espalhar o Seu cheiro pelos ares, sinto que estou novamente só, porém, mais livre ainda, mais liberta, mais menina... aí sou um tanto doce demais, mais infantil que o normal, mais leve que o habitual! Nesses dias sou aquele calorzinho com chuvisco, que quase sempre acaba com um lindo arco-íris nos olhos.
Em dias comuns, não sou compras, nem vitrines. Não sou moda, nem griffe. Sou camping com pescaria. Sou pé no chão. Gosto de sentir o terreno onde estou pisando. Se a barra está quente, corro e pulo fora! Aprendo rápido o que eu quero... e só faço o que me dá prazer! Faço questão que as pessoas que eu amo saibam disso o tempo todo. Penso o mesmo com aquelas que eu não suporto. Infelizmente, uma virtude que eu não tenho é “paciência”. E nem me esforço para adquiri-la. Gosto da minha impulsividade.
Também tenho milhões de defeitos: sou exagerada, dramática, mimada, intransigente, quebro as regras, omito os fatos, falo demais, escuto de menos... mas alguma mulher, exceto Madre Tereza de Calcutá, é diferente???
Sou teimosa ao extremo: como a sobremesa antes do almoço, deixo para amanhã o que eu posso fazer hoje, vou deitar de madrugada mesmo tendo compromisso importante às 7h da manhã seguinte, omito sobre o verdadeiro saldo do meu cartão de crédito, compro dezenas de livros novos, mesmo sem ter lido um terço dos que eu comprei no mês passado, entro offline no MSN para escolher com quem eu quero conversar, deixo de pagar uma conta para passar uma noite no Motel com meu marido, e por aí vai... são pequenas regras que podem e devem ser quebradas, sem que você perca seu lugarzinho no céu por isso.
Muitas vezes sou temperamental: acordo e me recuso a levantar da cama, exijo que as pessoas leiam o meu pensamento e façam as minhas vontades, detesto que me incomodem quando estou escrevendo, e reclamo da sacanagem de me deixarem por muito tempo sozinha quando estou relaxando...
Enfim, é por essas e outras que fico P. da vida quando me perguntam quem sou eu... e ainda restringem minha resposta em seis linhas... ahhh, fala sério: isso, por acaso, é normal?????
Gilmara Giavarina
domingo, 29 de agosto de 2010
Alguém achou um sapatinho de cristal por aí?
Se eu tivesse uma filha, jamais a criaria com a idéia fixa de casamento, filhos e fidelidade até que a morte os separe. Pouparia minha pequena das grandes expectativas e das inúmeras surpresas que a vida a dois poderia lhe reservar. Concordaria com ela quando dissesse que o amor é sinônimo de energia para nossas fraquezas e luminosidade para nossos caminhos. Porém, deixaria claro que a conta mensal de energia não é lá muito inspiradora, além do que, um jantar a luz de velas nem sempre pode ser encarado como um programa romântico, principalmente quando acontece por inadimplência ou falta de opção.
Se eu tivesse uma filha não poderia, na verdade, dar-lhe uma vida de princesa, mas a incentivaria andar descalça pelo seu próprio reino, assim ela jamais correria o risco de ser encontrada por um guarda Real. Ninguém merece, por culpa de um mero e “fora de moda” sapatinho de cristal, ter um sujeitinho “almofadinha” pegando no nosso pé o resto da vida!
Pra ser mais exata, não deixaria minha menina assistir nenhum conto de fada na sua infância. Obrigaria a pequena decorar todas as fábulas de Esopo possíveis, entendendo que toda ação provoca uma reação, e que toda reação contrária as Leis da Vida, acarretará (inevitavelmente) uma ação na mesma linha vibratória. Enfim, não a deixaria pensar que servindo as pessoas, em primeiro lugar, garantiria à ela um lugarzinho no céu, já que é mais fácil conseguir, com essa atitude, um passaporte gratuito para o inferno sem passagem de volta.
Ensinaria minha menina a pensar primeiro em si mesma, em toda e qualquer situação. Não de uma forma egoísta, mas sábia. Como ela poderá distribuir amor, se não valorizar a sua própria vida? Ninguém pode dar o que não tem. E isso é fato. E é por essa razão que ensinaria minha filha levantar a cabeça em todos os declives da sua história, ao invés de baixar a guarda, na maior parte desse enredo. Ensinaria minha filha a rezar, mas jamais esperar um milagre sentada, submissa às tormentas da vida. Jamais deixaria minha menina acreditar que uma abóbora poderá, um dia, tornar-se uma carruagem, mesmo porque quem nasceu pra ser abóbora jamais chegará a “Moranga Real”. Nenhuma varinha do mundo tem esse poder. A única abóbora que pensou ter tido essa sorte, foi a princesa Daiana e mesmo assim chegou a conclusão (tarde demais) que a felicidade não estava escondida na varinha do seu lord inglês, muito menos no sobrenome do seu suposto amor. A “transformação genética”, nesse caso, é intrínseca. A Realeza não se compra e não se vende... se descobre. Ser feliz é uma opção e não uma conquista. E é por isso que eu ensinaria minha pequena Cinderela a não procurar em outro coração a sua própria felicidade. Faria a minha pequena entender que a solidão não é a pior coisa dessa vida e sim a comodidade de esperar que o mundo lhe presenteie com um salvador, um encantador, um sedutor e irreal príncipe encantado. Todo príncipe encantado tem um prazo de validade, depois disso, volta a ser sapo. Nesse caso, não podemos negar, jamais deixarão de pular a cerca e se encantar com “pererecas”. Faz parte da natureza desse ser vivo!!! Ninguém, nesse mundo possui no rótulo, um certificado de garantia confiável. Rótulos são fabricados. Mas o produto nem sempre corresponde as expectativas do consumidor. Dessa forma, a felicidade é um estado. Homens estão longe de serem príncipes. E é por isso que não deixaria minha pequena se apaixonar pelo primeiro homem que fizesse suas pernas bambearem, mas sim por aquele que tivesse o poder de reduzir, em minutos, as 24 horas do seu dia. Faria minha pequena flor se apaixonar por gargalhadas e não por declarações de amor, já que a vida não pode ser levada tão a sério. Faria minha pequena analisar os pequenos gestos do seu pretendente: suas ações frente ao inesperado, o seu encanto frente as dificuldades do cotidiano, a sua tranqüilidade ao lidar com o caos , o brilho dos seus olhos ao cruzar com uma criança, as suas reações diante às simplicidades da vida...
Minha pequena jamais usaria um número maior de sapatinho do que o seu de costume, para jamais correr o risco de perdê-lo em um dos muitos bailes dessa vida. Deixaria que ela experimentasse muitos e muitos modelos e escolhesse, com maturidade, aquele que mais lhe agradasse, aquele sapatinho que mais acomodasse e esquentasse os seus pezinhos gelados. Um sapatinho que, além de conforto, desse firmeza a cada um dos seus passos.
Eu não deixaria, em hipótese alguma, que minha princesinha viesse a morar com a sogra , nem mesmo por toda comodidade de um castelo! Tem coisas na vida que não valem a pena. Paz é algo que não tem preço! Cinderela não existe, mas madrastas e sogras, com certeza, sim.
E se caso observasse minha menina conversando com pardais ou a testemunhasse desfilar, exibindo um vestido meio suspeito, insistindo em dizer que foi confeccionado por uma dúzia de ratos alfaiates, marcaria um psiquiatra imediatamente. Sem titubear!
Não criaria uma filha para ser escolhida, mas para fazer escolhas, seja na profissão, seja na vida, ou seja no amor!
Acredito que toda mulher que luta para ter boas oportunidades na vida e, por mérito próprio, consegue ser bem resolvida profissionalmente, pessoalmente ou sexualmente, não se deixa enganar por qualquer principezinho à toa. Ainda mais aqueles que aparecem no fim da história, exibindo sobrenomes importantes e ocultando suas empresas falidas. Aqueles que chegam prometendo um final feliz para sua história, mas que na verdade não possuem ao menos um cavalinho pangaré para conduzir a relação...
Mulher que é mulher, tem sexto sentido.
Mulher que é mulher sabe que, apesar de ser chamada de gata, não possui sete vidas para acreditar em palavras desconexas e “cantadas” ensaiadas.
Mulher que é mulher não anda no banco de atrás de uma carruagem. Prefere dirigir, com autonomia, a sua própria vida. Mulher que é mulher vai à luta. Não se conforma em ficar esfregando cueca no tanque, no anonimato. Porque cueca, fala sério! Só é boa no chão. No varal... só por falta de opção.
Mulher que é mulher não espera que o poder mágico de uma varinha de condão conduza todos os seus passos, sinalizando cada momento da sua vida.
Uma coisa é certa: mulher que é mulher pode até não acreditar em Contos de Fadas, mas utiliza constantemente seu poder de fogo para exterminar qualquer clima de ingenuidade que possa pairar pelo ar. Mulher que é mulher é “malvada” por natureza: sabe provocar e sair de cena antes das críticas. Mulher que é mulher não precisa de aplausos, ela mesma se garante!
Mulher que é mulher sabe “se fazer”, sabe se vestir de donzela para impressionar os principezinhos de araques... mas também sabe se despir, com ousadia, e sobrevoar, liberta, pelos prazeres da vida. Mulher que é mulher, causa impacto, gera dúvidas e paira, sem culpa, pelas hipocrisias dessa sociedade machista.
Mulher que é mulher consegue, mesmo vestindo um “pretinho básico”, transbordar matizes coloridas e aromas inebriantes pelos poros nativos da sua sensualidade.
Gilmara Giavarina
Se eu tivesse uma filha não poderia, na verdade, dar-lhe uma vida de princesa, mas a incentivaria andar descalça pelo seu próprio reino, assim ela jamais correria o risco de ser encontrada por um guarda Real. Ninguém merece, por culpa de um mero e “fora de moda” sapatinho de cristal, ter um sujeitinho “almofadinha” pegando no nosso pé o resto da vida!
Pra ser mais exata, não deixaria minha menina assistir nenhum conto de fada na sua infância. Obrigaria a pequena decorar todas as fábulas de Esopo possíveis, entendendo que toda ação provoca uma reação, e que toda reação contrária as Leis da Vida, acarretará (inevitavelmente) uma ação na mesma linha vibratória. Enfim, não a deixaria pensar que servindo as pessoas, em primeiro lugar, garantiria à ela um lugarzinho no céu, já que é mais fácil conseguir, com essa atitude, um passaporte gratuito para o inferno sem passagem de volta.
Ensinaria minha menina a pensar primeiro em si mesma, em toda e qualquer situação. Não de uma forma egoísta, mas sábia. Como ela poderá distribuir amor, se não valorizar a sua própria vida? Ninguém pode dar o que não tem. E isso é fato. E é por essa razão que ensinaria minha filha levantar a cabeça em todos os declives da sua história, ao invés de baixar a guarda, na maior parte desse enredo. Ensinaria minha filha a rezar, mas jamais esperar um milagre sentada, submissa às tormentas da vida. Jamais deixaria minha menina acreditar que uma abóbora poderá, um dia, tornar-se uma carruagem, mesmo porque quem nasceu pra ser abóbora jamais chegará a “Moranga Real”. Nenhuma varinha do mundo tem esse poder. A única abóbora que pensou ter tido essa sorte, foi a princesa Daiana e mesmo assim chegou a conclusão (tarde demais) que a felicidade não estava escondida na varinha do seu lord inglês, muito menos no sobrenome do seu suposto amor. A “transformação genética”, nesse caso, é intrínseca. A Realeza não se compra e não se vende... se descobre. Ser feliz é uma opção e não uma conquista. E é por isso que eu ensinaria minha pequena Cinderela a não procurar em outro coração a sua própria felicidade. Faria a minha pequena entender que a solidão não é a pior coisa dessa vida e sim a comodidade de esperar que o mundo lhe presenteie com um salvador, um encantador, um sedutor e irreal príncipe encantado. Todo príncipe encantado tem um prazo de validade, depois disso, volta a ser sapo. Nesse caso, não podemos negar, jamais deixarão de pular a cerca e se encantar com “pererecas”. Faz parte da natureza desse ser vivo!!! Ninguém, nesse mundo possui no rótulo, um certificado de garantia confiável. Rótulos são fabricados. Mas o produto nem sempre corresponde as expectativas do consumidor. Dessa forma, a felicidade é um estado. Homens estão longe de serem príncipes. E é por isso que não deixaria minha pequena se apaixonar pelo primeiro homem que fizesse suas pernas bambearem, mas sim por aquele que tivesse o poder de reduzir, em minutos, as 24 horas do seu dia. Faria minha pequena flor se apaixonar por gargalhadas e não por declarações de amor, já que a vida não pode ser levada tão a sério. Faria minha pequena analisar os pequenos gestos do seu pretendente: suas ações frente ao inesperado, o seu encanto frente as dificuldades do cotidiano, a sua tranqüilidade ao lidar com o caos , o brilho dos seus olhos ao cruzar com uma criança, as suas reações diante às simplicidades da vida...
Minha pequena jamais usaria um número maior de sapatinho do que o seu de costume, para jamais correr o risco de perdê-lo em um dos muitos bailes dessa vida. Deixaria que ela experimentasse muitos e muitos modelos e escolhesse, com maturidade, aquele que mais lhe agradasse, aquele sapatinho que mais acomodasse e esquentasse os seus pezinhos gelados. Um sapatinho que, além de conforto, desse firmeza a cada um dos seus passos.
Eu não deixaria, em hipótese alguma, que minha princesinha viesse a morar com a sogra , nem mesmo por toda comodidade de um castelo! Tem coisas na vida que não valem a pena. Paz é algo que não tem preço! Cinderela não existe, mas madrastas e sogras, com certeza, sim.
E se caso observasse minha menina conversando com pardais ou a testemunhasse desfilar, exibindo um vestido meio suspeito, insistindo em dizer que foi confeccionado por uma dúzia de ratos alfaiates, marcaria um psiquiatra imediatamente. Sem titubear!
Não criaria uma filha para ser escolhida, mas para fazer escolhas, seja na profissão, seja na vida, ou seja no amor!
Acredito que toda mulher que luta para ter boas oportunidades na vida e, por mérito próprio, consegue ser bem resolvida profissionalmente, pessoalmente ou sexualmente, não se deixa enganar por qualquer principezinho à toa. Ainda mais aqueles que aparecem no fim da história, exibindo sobrenomes importantes e ocultando suas empresas falidas. Aqueles que chegam prometendo um final feliz para sua história, mas que na verdade não possuem ao menos um cavalinho pangaré para conduzir a relação...
Mulher que é mulher, tem sexto sentido.
Mulher que é mulher sabe que, apesar de ser chamada de gata, não possui sete vidas para acreditar em palavras desconexas e “cantadas” ensaiadas.
Mulher que é mulher não anda no banco de atrás de uma carruagem. Prefere dirigir, com autonomia, a sua própria vida. Mulher que é mulher vai à luta. Não se conforma em ficar esfregando cueca no tanque, no anonimato. Porque cueca, fala sério! Só é boa no chão. No varal... só por falta de opção.
Mulher que é mulher não espera que o poder mágico de uma varinha de condão conduza todos os seus passos, sinalizando cada momento da sua vida.
Uma coisa é certa: mulher que é mulher pode até não acreditar em Contos de Fadas, mas utiliza constantemente seu poder de fogo para exterminar qualquer clima de ingenuidade que possa pairar pelo ar. Mulher que é mulher é “malvada” por natureza: sabe provocar e sair de cena antes das críticas. Mulher que é mulher não precisa de aplausos, ela mesma se garante!
Mulher que é mulher sabe “se fazer”, sabe se vestir de donzela para impressionar os principezinhos de araques... mas também sabe se despir, com ousadia, e sobrevoar, liberta, pelos prazeres da vida. Mulher que é mulher, causa impacto, gera dúvidas e paira, sem culpa, pelas hipocrisias dessa sociedade machista.
Mulher que é mulher consegue, mesmo vestindo um “pretinho básico”, transbordar matizes coloridas e aromas inebriantes pelos poros nativos da sua sensualidade.
Gilmara Giavarina
Hoje eu estou assim mesmo...
Hoje eu estou assim: um pouco cansada demais.
Hoje eu estou assim: um pouco alheia demais.
Hoje eu estou assim: um pouco escondida, um pouco indecisa, um pouco concisa demais...
Hoje eu estou assim: um tanto distraída demais.
Hoje eu estou assim: um tanto dividida demais.
Hoje eu estou assim: um tanto confusa, um tanto obscura, um tanto absorta demais...
Hoje eu estou assim: muito além das minhas objeções.
Hoje eu estou assim: muito aquém das minhas predileções.
Hoje eu estou assim: muito além das minhas brevidades, muito aquém dos meus momentos; muito além das minhas saudades, muito aquém das minhas teorias; muito além das razões, muito aquém dos meus idealismos.
Hoje eu não me sinto assim, muito bem...
Hoje eu não me sinto assim, muito receptiva, muito festiva, muito revestida de ousadia.
Hoje eu não me sinto assim, muito bem...
Hoje eu não quero nada, eu não quero você, eu não quero ninguém...
Hoje eu me sinto assim, misteriosamente incompleta...
Hoje eu me sinto um tanto vulnerável, um pouco desgarrada e infinitamente só: sem princípios, sem percursos, sem um fim...
Hoje eu quero apenas que o mundo me esqueça, que continue a sua previsível trajetória e me deixe aqui. Quieta e pensativa assim...
Hoje eu estou sei lá... meio assim!
Exageradamente eu, minguadamente a mim...
Hoje eu me sinto quase uma insana confessa, quase uma devassa implacável, quase uma regenerada arrependida.
Hoje eu me sinto quase uma autista, quase uma criança... talvez algo bem próximo de uma situação imprevista.
Hoje eu quero ficar só... somente assim...
Extremamente solitária, alimentando-me apenas da minha insuficiente e tão fragilizada companhia.
Não quero concordar nem com sua vida nem com suas decisões; não quero responder com argumentos às suas, sempre, incontestáveis críticas; não quero insistir com suas tão refutáveis verdades; não quero admitir que seus princípios estão sempre, eticamente corretos e que as minhas loucuras estão sempre, socialmente, erradas...
Hoje eu quero afrouxar as minhas rotineiras algemas, retirando o lacre da falsa proteção que fizeram-me acreditar ser necessária.
Hoje eu quero permitir que o calor do Sol derreta o gelo das minhas aceitáveis limitações. Hoje eu quero encará-lo de olhos abertos, sem medo que o seu brilho cegue as minhas ousadas experiências.
Hoje eu quero libertar meus pensamentos do cativeiro do seu coração e fazê-los correr em busca de novos horizontes.
Hoje eu quero colorir meus projetos com as matizes já esquecidas no baú das minhas lembranças.
Hoje eu quero voltar a sentir o estardalhaço dos meus exageros, o som evasivo das minhas excentricidades, as estratégias efervescentes das minhas contínuas idéias.
Hoje eu quero atravessar a ponte da sua permissividade.
Hoje eu quero escalar a montanha das minhas limitações.
Hoje eu quero invadir a calmaria da sua praia, poluindo suas águas com as minhas intrépidas agitações.
Hoje eu quero afundar meus anseios na profundidade dos meus pensamentos e simplesmente morrer, afogada nos meus próprios sonhos, sem ar, sem medo e sem juízo...
Hoje eu quero apenas me sentar aqui, silenciosamente ao meu lado. Hoje eu quero apenas me aceitar e tentar conviver, harmoniosamente, com minhas próprias infantilidades.
Hoje eu quero apenas alguns instantes para me conhecer, para me amar... para um dia, quem sabe, ter maturidade o suficiente para me readmitir.
Gilmara Giavarina
Hoje eu estou assim: um pouco alheia demais.
Hoje eu estou assim: um pouco escondida, um pouco indecisa, um pouco concisa demais...
Hoje eu estou assim: um tanto distraída demais.
Hoje eu estou assim: um tanto dividida demais.
Hoje eu estou assim: um tanto confusa, um tanto obscura, um tanto absorta demais...
Hoje eu estou assim: muito além das minhas objeções.
Hoje eu estou assim: muito aquém das minhas predileções.
Hoje eu estou assim: muito além das minhas brevidades, muito aquém dos meus momentos; muito além das minhas saudades, muito aquém das minhas teorias; muito além das razões, muito aquém dos meus idealismos.
Hoje eu não me sinto assim, muito bem...
Hoje eu não me sinto assim, muito receptiva, muito festiva, muito revestida de ousadia.
Hoje eu não me sinto assim, muito bem...
Hoje eu não quero nada, eu não quero você, eu não quero ninguém...
Hoje eu me sinto assim, misteriosamente incompleta...
Hoje eu me sinto um tanto vulnerável, um pouco desgarrada e infinitamente só: sem princípios, sem percursos, sem um fim...
Hoje eu quero apenas que o mundo me esqueça, que continue a sua previsível trajetória e me deixe aqui. Quieta e pensativa assim...
Hoje eu estou sei lá... meio assim!
Exageradamente eu, minguadamente a mim...
Hoje eu me sinto quase uma insana confessa, quase uma devassa implacável, quase uma regenerada arrependida.
Hoje eu me sinto quase uma autista, quase uma criança... talvez algo bem próximo de uma situação imprevista.
Hoje eu quero ficar só... somente assim...
Extremamente solitária, alimentando-me apenas da minha insuficiente e tão fragilizada companhia.
Não quero concordar nem com sua vida nem com suas decisões; não quero responder com argumentos às suas, sempre, incontestáveis críticas; não quero insistir com suas tão refutáveis verdades; não quero admitir que seus princípios estão sempre, eticamente corretos e que as minhas loucuras estão sempre, socialmente, erradas...
Hoje eu quero afrouxar as minhas rotineiras algemas, retirando o lacre da falsa proteção que fizeram-me acreditar ser necessária.
Hoje eu quero permitir que o calor do Sol derreta o gelo das minhas aceitáveis limitações. Hoje eu quero encará-lo de olhos abertos, sem medo que o seu brilho cegue as minhas ousadas experiências.
Hoje eu quero libertar meus pensamentos do cativeiro do seu coração e fazê-los correr em busca de novos horizontes.
Hoje eu quero colorir meus projetos com as matizes já esquecidas no baú das minhas lembranças.
Hoje eu quero voltar a sentir o estardalhaço dos meus exageros, o som evasivo das minhas excentricidades, as estratégias efervescentes das minhas contínuas idéias.
Hoje eu quero atravessar a ponte da sua permissividade.
Hoje eu quero escalar a montanha das minhas limitações.
Hoje eu quero invadir a calmaria da sua praia, poluindo suas águas com as minhas intrépidas agitações.
Hoje eu quero afundar meus anseios na profundidade dos meus pensamentos e simplesmente morrer, afogada nos meus próprios sonhos, sem ar, sem medo e sem juízo...
Hoje eu quero apenas me sentar aqui, silenciosamente ao meu lado. Hoje eu quero apenas me aceitar e tentar conviver, harmoniosamente, com minhas próprias infantilidades.
Hoje eu quero apenas alguns instantes para me conhecer, para me amar... para um dia, quem sabe, ter maturidade o suficiente para me readmitir.
Gilmara Giavarina
Momentos
Há momentos que o elixir da alegria, simplesmente, evapora da minha vida.
Tento, em vão, recuperá-lo nas palavras, nos poemas, nas fantasias, mas é inútil.
Há momentos que as minhas forças se esvaziam,
Há momentos que os meus amores debandam,
Há momentos que os meus referenciais se perdem.
Há momentos que o elixir da alegria, simplesmente, escapa dos meus domínios.
Tento, em vão, retomá-lo através das músicas, dos diálogos, dos prazeres, mas é inútil.
Há momentos que meu o “eu”, foge de casa.
Há momentos que as minhas esperanças entregam os pontos.
Há momentos que as minhas gargalhadas, sem anunciação, silenciam. E que os meus olhos, sem permissão, se fecham para novas perspectivas.
Há momentos que o meu coração entra em greve, sem maiores protestos.
Há momentos que meus abraços adormecem, sem grandes culpas.
Há momentos que meus beijos perdem, repentinamente, a essência, o gosto, a magia, a doçura.
Há momentos em que eu não sinto a necessidade de mais nada, pois, já não tenho planos, encantos, saudades ou desatinos.
Há momentos que sinto-me, exatamente, assim: sem alma e sem corpo. Sem essência e sem sexo. Sem som, sem cor, sem vida, sem alegria... e sem nexo!
Gilmara Giavarina
Tento, em vão, recuperá-lo nas palavras, nos poemas, nas fantasias, mas é inútil.
Há momentos que as minhas forças se esvaziam,
Há momentos que os meus amores debandam,
Há momentos que os meus referenciais se perdem.
Há momentos que o elixir da alegria, simplesmente, escapa dos meus domínios.
Tento, em vão, retomá-lo através das músicas, dos diálogos, dos prazeres, mas é inútil.
Há momentos que meu o “eu”, foge de casa.
Há momentos que as minhas esperanças entregam os pontos.
Há momentos que as minhas gargalhadas, sem anunciação, silenciam. E que os meus olhos, sem permissão, se fecham para novas perspectivas.
Há momentos que o meu coração entra em greve, sem maiores protestos.
Há momentos que meus abraços adormecem, sem grandes culpas.
Há momentos que meus beijos perdem, repentinamente, a essência, o gosto, a magia, a doçura.
Há momentos em que eu não sinto a necessidade de mais nada, pois, já não tenho planos, encantos, saudades ou desatinos.
Há momentos que sinto-me, exatamente, assim: sem alma e sem corpo. Sem essência e sem sexo. Sem som, sem cor, sem vida, sem alegria... e sem nexo!
Gilmara Giavarina
quarta-feira, 25 de agosto de 2010
Mulheres reais e ideais
Tenho uma amiga neurótica por produtos de beleza.
Gasta horrores! De manhã, depois da compressa de água gelada, começa o ritual dos cremes, com duração média de duas horas. Enquanto espera a atuação dos agentes rejuvenescedores na pele, cuida, morosamente, do cabelo. Unhas impecáveis, toda semana!
Massagens relaxantes e drenagens linfáticas periódicas. Regime perpétuo, sem folgas no final de semana! Não fuma, não bebe e não excede nas relações sexuais! Nunca vi sua boca sem cor. Nunca vi seus olhos sem delineador. Nunca vi, em suas pernas, um solitário pelinho. A depilação é quinzenal! Faça chuva ou faça sol! Suas roupas são finíssimas. Nos pés, só salto quinze.
Ufa! Que tédio ser perfeita! Que insensatez apostar corrida com o tempo! Que bobagem massagear o ego e chantagear as rugas!
Eu sou mais feliz dormindo duas horas a mais pela manhã.
Eu sou mais feliz gastando meu dinheiro com sorvete de caramelo e pizza de chocolate. Eu sou mais feliz com minhas macarronadas semanais, com meus chopinhos nos finais de semana e com meus namoros, na hora que der na teia!
Minha boca, por nunca ter cor... quando tem, todo mundo repara!
Nos olhos, nunca uso delineador, assim não preciso me preocupar em borrar a maquiagem, quando decido chorar de rir.
Não sofro com depilações, uso gilete mesmo! Dor por opção? De jeito nenhum! Minhas roupas, antes de mais nada, são confortáveis! Com elas posso deitar e rolar, a qualquer hora do dia ou da noite. Nos pés, no máximo um saltinho baixo, porém, o que eu gosto mesmo é de uma deliciosa havaianas!
Eu sou mais feliz mostrando a língua para o tempo e contando as rugas dos meus exageros. Sou feliz assim, longe da perfeição, longe dos padrões aceitáveis! Estou feliz assim. Exatamente como sou. Sem máscaras, sem ceras, sem saltos. Estou feliz assim. Com minhas estrias e meus estresses.
Minha amiga é feliz daquele jeito: acordando com água gelada na cara, passando fome todos os dias, se atracando com as rugas, fazendo barganhas com o tempo.
Cada uma com suas prioridades e necessidades.
Vejo em Rebeca a mulher ideal. Enxergo em mim a mulher real.
Minha realidade não aspira o idealismo de Rebeca.
O idealismo de Rebecca não aceita o realismo do meu tempo.
No seu aniversário, de sacanagem, dou-lhe chocolates finíssimos.
Ela resiste, sem dó!
No meu aniversário, de vingança, ela me presenteia com cremes caríssimos. Eu revendo, sem culpa!
Gilmara Giavarina
Gasta horrores! De manhã, depois da compressa de água gelada, começa o ritual dos cremes, com duração média de duas horas. Enquanto espera a atuação dos agentes rejuvenescedores na pele, cuida, morosamente, do cabelo. Unhas impecáveis, toda semana!
Massagens relaxantes e drenagens linfáticas periódicas. Regime perpétuo, sem folgas no final de semana! Não fuma, não bebe e não excede nas relações sexuais! Nunca vi sua boca sem cor. Nunca vi seus olhos sem delineador. Nunca vi, em suas pernas, um solitário pelinho. A depilação é quinzenal! Faça chuva ou faça sol! Suas roupas são finíssimas. Nos pés, só salto quinze.
Ufa! Que tédio ser perfeita! Que insensatez apostar corrida com o tempo! Que bobagem massagear o ego e chantagear as rugas!
Eu sou mais feliz dormindo duas horas a mais pela manhã.
Eu sou mais feliz gastando meu dinheiro com sorvete de caramelo e pizza de chocolate. Eu sou mais feliz com minhas macarronadas semanais, com meus chopinhos nos finais de semana e com meus namoros, na hora que der na teia!
Minha boca, por nunca ter cor... quando tem, todo mundo repara!
Nos olhos, nunca uso delineador, assim não preciso me preocupar em borrar a maquiagem, quando decido chorar de rir.
Não sofro com depilações, uso gilete mesmo! Dor por opção? De jeito nenhum! Minhas roupas, antes de mais nada, são confortáveis! Com elas posso deitar e rolar, a qualquer hora do dia ou da noite. Nos pés, no máximo um saltinho baixo, porém, o que eu gosto mesmo é de uma deliciosa havaianas!
Eu sou mais feliz mostrando a língua para o tempo e contando as rugas dos meus exageros. Sou feliz assim, longe da perfeição, longe dos padrões aceitáveis! Estou feliz assim. Exatamente como sou. Sem máscaras, sem ceras, sem saltos. Estou feliz assim. Com minhas estrias e meus estresses.
Minha amiga é feliz daquele jeito: acordando com água gelada na cara, passando fome todos os dias, se atracando com as rugas, fazendo barganhas com o tempo.
Cada uma com suas prioridades e necessidades.
Vejo em Rebeca a mulher ideal. Enxergo em mim a mulher real.
Minha realidade não aspira o idealismo de Rebeca.
O idealismo de Rebecca não aceita o realismo do meu tempo.
No seu aniversário, de sacanagem, dou-lhe chocolates finíssimos.
Ela resiste, sem dó!
No meu aniversário, de vingança, ela me presenteia com cremes caríssimos. Eu revendo, sem culpa!
Gilmara Giavarina
Pecados confessos de uma menina pagã
Se tem uma coisa que me orgulho na vida é a erradicação total de preconceitos que preservo em minhas atitudes. Sou incapaz de destratar alguém pela sua aparência, posição social ou opção sexual. Algumas vezes, não consigo concordar, mas respeito.
As histórias de cada um e as opções correspondentes, desde que não sejam prejudiciais a outrem, são por mim, isentas de julgamentos e falsos moralismos.
Foi numa das minhas súbitas vontades de comer chocolate no meio da noite, que conheci Helena. Era uma noite gelada de Agosto. Passava das vinte e duas horas. Estacionei o carro na frente do único supermercado vinte e quatro horas da cidade e entrei para comprar os “pecados” dos quais não consigo ficar longe. No mesmo corredor, estava Helena. Moça de, mais ou menos, dezenove anos, morena escultural e expressivos olhos verdes. Usava uma saia tão curta, que mais parecia uma faixa. O decote era como uma vitrine, deixando a mercadoria em exposição, propositalmente.
Percebendo minha compulsão pelos doces, a moça ensaiou, meio ressabiada, um sorriso.
- Tem coisa melhor do que isso? – perguntei, retribuindo o sorriso.
- Com certeza tem. – respondeu, timidamente.
Esperando uma resposta maliciosa, quis a certeza:
- O que pode ser melhor que um chocolate recheado?
- Um agasalho flanelado. – respondeu com firmeza.
Aquela resposta mexeu com meus valores mais íntimos. Estava na cara que aquela moça fazia programa. Seu vestuário era como um letreiro, mas aquelas palavras pareceram-me, genuinamente, nuas, desprotegidas! Suas necessidades não estavam, assim, tão explícitas como sua profissão.
- Qual o seu nome? – perguntei interessada.
-Meu nome é Helena. Também sou compulsiva por doces. Conhece esse aqui? É um pouco caro, mas vale a pena. – e entregou-me uma barra de chocolate branco. Logo depois, permitiu-se sorrir,sem pudores.
- Helena, você é daqui? – insisti.
- Não. Estudo aqui. Meus pais são de Minas Gerais. Faço Desenho Industrial. E esse foi o jeito que eu arrumei para pagar a faculdade. Até tentei outro emprego mas com o que ganhava, não dava nem para as despesas da Kitinet. Infelizmente, meu corpo rende um dinheiro bem maior que o meu cérebro. Ganho em três dias, o que ganharia em trinta, em outro serviço.
Quase desmaiei com a sinceridade das suas palavras. Fiquei com vontade de envolver aquela menina nos braços, levá-la de volta para sua casa e entregá-la aos cuidados da sua mãe. Ou, quem sabe, enchê-la de palmadas, na ânsia de trazê-la de volta a razão. Aquela menina tinha a idade do meu filho, que naquela hora dormia, encorujado, na comodidade do seu quarto.
Fiquei pensando em sua mãe, tão longe, alheia a difícil realidade da vida. Fiquei pensando em Helena, em seus sonhos, em suas escolhas e o preço alto que pagaria por elas.
Percebendo meus devaneios, a moça abriu sua bolsa, anotou alguma coisa e entregou o papelzinho pra mim.
- Você tem msn? Me adiciona, poderíamos conversar de vez em quando. Você é muito legal.
- Lógico, vou adicionar sim. Então tchau. Até mais! – despedi-me ainda atordoada por aquelas revelações.
Voltei para casa pensativa. A partir daquele dia comecei a conversar com Helena, vez ou outra, no messenger.
Era impressionante como seus papos eram idênticos aos amigos do meu filho. Ela estava longe de ser uma mulher. Era nada mais que uma menina pagã, com seus pecados confessos, sem maldade e sem juízo!
Uma menina com sonhos e pesadelos, com ídolos e feitores, com necessidades e desalentos, com esperanças e incredulidades, com remorsos e tormentos, com ousadias e fragilidades, com lágrimas expostas e sorrisos embutidos.
Uma mulher com os seios à mostra. Uma menina com o coração retraído.
Uma mulher com gestos ensaiados e atitudes naturais.
Uma menina que ataca a vida com a fúria de um predador.
Uma mulher que cirze, diariamente, os rasgos do seu cotidiano para cobrir suas vergonhas, seus medos e suas escolhas.
Helena ainda é uma menina. Helena já é uma mulher.
Helena nem parece uma menina. Helena nem chegou a ser uma mulher.
Seus beijos são falsos e suas declarações, um plágio.
Suas unhas compridas, pintadas de cobre, ainda não conseguiram afagar um verdadeiro amor. Sua boca exageradamente encarnada está longe de encontrar um constraste perfeito. Suas necessidades vão além de um simples agasalho flanelado em noite de inverno e, infelizmente, não estavam ao meu alcance.
Não fui capaz de embrulhar alguns dos seus sonhos em papel dourado e deixá-los, clandestinamente, na porta do seu coração. Não fui capaz de cobri-la com alguns conselhos moralistas, muito menos recriminá-la em suas escolhas desregradas. Quem sou eu para julgá-la?
Antes de retirar o messenger do ar, fiz o que meu coração permitira. Comprei-lhe um agasalho flanelado, cor-de-rosa, e deixei-o na porta da sua kitinet. No bolso, um papelzinho com os dizeres...
“Ainda acho que chocolate recheado é bem melhor que um agasalho flanelado, mas como gosto e escolhas não se discutem, por favor, se cuide!
Ahh, mais uma coisa: quando o frio cessar, por favor, menina Helena, volte para a casa, curta seus eternos dias e esqueça suas noites momentâneas!”
Um grande beijo
Gilmara
As histórias de cada um e as opções correspondentes, desde que não sejam prejudiciais a outrem, são por mim, isentas de julgamentos e falsos moralismos.
Foi numa das minhas súbitas vontades de comer chocolate no meio da noite, que conheci Helena. Era uma noite gelada de Agosto. Passava das vinte e duas horas. Estacionei o carro na frente do único supermercado vinte e quatro horas da cidade e entrei para comprar os “pecados” dos quais não consigo ficar longe. No mesmo corredor, estava Helena. Moça de, mais ou menos, dezenove anos, morena escultural e expressivos olhos verdes. Usava uma saia tão curta, que mais parecia uma faixa. O decote era como uma vitrine, deixando a mercadoria em exposição, propositalmente.
Percebendo minha compulsão pelos doces, a moça ensaiou, meio ressabiada, um sorriso.
- Tem coisa melhor do que isso? – perguntei, retribuindo o sorriso.
- Com certeza tem. – respondeu, timidamente.
Esperando uma resposta maliciosa, quis a certeza:
- O que pode ser melhor que um chocolate recheado?
- Um agasalho flanelado. – respondeu com firmeza.
Aquela resposta mexeu com meus valores mais íntimos. Estava na cara que aquela moça fazia programa. Seu vestuário era como um letreiro, mas aquelas palavras pareceram-me, genuinamente, nuas, desprotegidas! Suas necessidades não estavam, assim, tão explícitas como sua profissão.
- Qual o seu nome? – perguntei interessada.
-Meu nome é Helena. Também sou compulsiva por doces. Conhece esse aqui? É um pouco caro, mas vale a pena. – e entregou-me uma barra de chocolate branco. Logo depois, permitiu-se sorrir,sem pudores.
- Helena, você é daqui? – insisti.
- Não. Estudo aqui. Meus pais são de Minas Gerais. Faço Desenho Industrial. E esse foi o jeito que eu arrumei para pagar a faculdade. Até tentei outro emprego mas com o que ganhava, não dava nem para as despesas da Kitinet. Infelizmente, meu corpo rende um dinheiro bem maior que o meu cérebro. Ganho em três dias, o que ganharia em trinta, em outro serviço.
Quase desmaiei com a sinceridade das suas palavras. Fiquei com vontade de envolver aquela menina nos braços, levá-la de volta para sua casa e entregá-la aos cuidados da sua mãe. Ou, quem sabe, enchê-la de palmadas, na ânsia de trazê-la de volta a razão. Aquela menina tinha a idade do meu filho, que naquela hora dormia, encorujado, na comodidade do seu quarto.
Fiquei pensando em sua mãe, tão longe, alheia a difícil realidade da vida. Fiquei pensando em Helena, em seus sonhos, em suas escolhas e o preço alto que pagaria por elas.
Percebendo meus devaneios, a moça abriu sua bolsa, anotou alguma coisa e entregou o papelzinho pra mim.
- Você tem msn? Me adiciona, poderíamos conversar de vez em quando. Você é muito legal.
- Lógico, vou adicionar sim. Então tchau. Até mais! – despedi-me ainda atordoada por aquelas revelações.
Voltei para casa pensativa. A partir daquele dia comecei a conversar com Helena, vez ou outra, no messenger.
Era impressionante como seus papos eram idênticos aos amigos do meu filho. Ela estava longe de ser uma mulher. Era nada mais que uma menina pagã, com seus pecados confessos, sem maldade e sem juízo!
Uma menina com sonhos e pesadelos, com ídolos e feitores, com necessidades e desalentos, com esperanças e incredulidades, com remorsos e tormentos, com ousadias e fragilidades, com lágrimas expostas e sorrisos embutidos.
Uma mulher com os seios à mostra. Uma menina com o coração retraído.
Uma mulher com gestos ensaiados e atitudes naturais.
Uma menina que ataca a vida com a fúria de um predador.
Uma mulher que cirze, diariamente, os rasgos do seu cotidiano para cobrir suas vergonhas, seus medos e suas escolhas.
Helena ainda é uma menina. Helena já é uma mulher.
Helena nem parece uma menina. Helena nem chegou a ser uma mulher.
Seus beijos são falsos e suas declarações, um plágio.
Suas unhas compridas, pintadas de cobre, ainda não conseguiram afagar um verdadeiro amor. Sua boca exageradamente encarnada está longe de encontrar um constraste perfeito. Suas necessidades vão além de um simples agasalho flanelado em noite de inverno e, infelizmente, não estavam ao meu alcance.
Não fui capaz de embrulhar alguns dos seus sonhos em papel dourado e deixá-los, clandestinamente, na porta do seu coração. Não fui capaz de cobri-la com alguns conselhos moralistas, muito menos recriminá-la em suas escolhas desregradas. Quem sou eu para julgá-la?
Antes de retirar o messenger do ar, fiz o que meu coração permitira. Comprei-lhe um agasalho flanelado, cor-de-rosa, e deixei-o na porta da sua kitinet. No bolso, um papelzinho com os dizeres...
“Ainda acho que chocolate recheado é bem melhor que um agasalho flanelado, mas como gosto e escolhas não se discutem, por favor, se cuide!
Ahh, mais uma coisa: quando o frio cessar, por favor, menina Helena, volte para a casa, curta seus eternos dias e esqueça suas noites momentâneas!”
Um grande beijo
Gilmara
Quando os pais voltam a ser filhos...
Filhos são flores. Perfumarão, com certeza, nossa vida.
Filhos são espinhos. Machucarão, tantas outras, nosso coração.
Nossos filhos viverão além das nossas expectativas, sofrerão além dos nossos cuidados e ficarão em nossos braços muito aquém do que desejamos.
Filhos são insubstituíveis, o amor de um, jamais será o bastante para suprir a ausência do outro.
Filhos são prioridades, suas necessidades gritam ao nosso coração e seus pedidos seduzem qualquer impossibilidade.
Filhos são as causas de todas as nossas lágrimas, sejam elas de alegria ou de tristeza, de orgulho ou decepção, de amor ou de saudade, de carinho ou de desprezo.
Filhos são cristais, apesar de aparentarem aço. Escondem sua beleza e expõem uma auto-suficiência, quase clandestina. Guardam as palavras, esperando o momento certo em dizê-las, esquecendo que o tempo nem sempre é compassível às suas vontades.
Esses dias estive pensando o quanto essa vida é injusta.
Num dia temos um filho nos braços e no outro ela arranca-o dos nossos cuidados, sem prévia permissão.
Num dia trocamos sua fralda e no outro somos trocados por eles, não com tanta alegria, nem com tanta dedicação da qual dispensamos.
Num dia enxugamos suas lágrimas e no outro eles são o principal motivo das nossas...
Num dia defendemos suas idéias e no outro somos acusados por elas...
Num dia colocamos nosso filho para dormir, ajeitamos suas cobertas, apagamos a luz e aguardamos, ansiosas, o futuro.
Num dia acordamos pela manhã e percebemos que a cama está pequena demais para seu tamanho.
Num dia levantamos no meio da noite e encontramos o quarto vazio, tudo em seu devido lugar, limpo demais, silencioso demais! Percebemos que nossos filhos se foram e choramos por vê-los libertos dos nossos cuidados. O futuro chegou cedo demais...
Nessa hora, as necessidades se invertem.
Nós é passamos a necessitar de carinho, de alguém para enxugar nossas lágrimas, de alguém para ajeitar a coberta em nossos ombros e as meias em nossos pés.
Nessa hora, voltamos a ter medo do escuro e quase imploramos um colo! Nessa hora queremos nossos filhos de volta para nos contar uma história, rezar conosco um pai nosso e apagar a luz, depois de um demorado beijo de boa noite.
Nessa hora, queremos palavras e não simplesmente intenções.
Nessa hora queremos presenças e não visitas.
Nessa hora queremos abraços e não cumprimentos.
Queremos, enfim, voltar a ser filhos! Queremos ser cuidados! Queremos que nossos meninos sejam, por algum tempo, nossos pais. Queremos a proteção de um ventre, para acolher nossas inseguranças.
Infelizmente, poucos filhos percebem que seus pais não são de aço, mas sim de flores, como o sugestivo título do livro de Fábio de Melo. Infelizmente, a maioria dos filhos, percebem, tarde demais, que as flores não são eternas, que mais cedo do que esperamos elas murcharão, deixando apenas a lembrança dos seus perfumes e a beleza delicada das suas pétalas...
Gilmara Giavarina
Filhos são espinhos. Machucarão, tantas outras, nosso coração.
Nossos filhos viverão além das nossas expectativas, sofrerão além dos nossos cuidados e ficarão em nossos braços muito aquém do que desejamos.
Filhos são insubstituíveis, o amor de um, jamais será o bastante para suprir a ausência do outro.
Filhos são prioridades, suas necessidades gritam ao nosso coração e seus pedidos seduzem qualquer impossibilidade.
Filhos são as causas de todas as nossas lágrimas, sejam elas de alegria ou de tristeza, de orgulho ou decepção, de amor ou de saudade, de carinho ou de desprezo.
Filhos são cristais, apesar de aparentarem aço. Escondem sua beleza e expõem uma auto-suficiência, quase clandestina. Guardam as palavras, esperando o momento certo em dizê-las, esquecendo que o tempo nem sempre é compassível às suas vontades.
Esses dias estive pensando o quanto essa vida é injusta.
Num dia temos um filho nos braços e no outro ela arranca-o dos nossos cuidados, sem prévia permissão.
Num dia trocamos sua fralda e no outro somos trocados por eles, não com tanta alegria, nem com tanta dedicação da qual dispensamos.
Num dia enxugamos suas lágrimas e no outro eles são o principal motivo das nossas...
Num dia defendemos suas idéias e no outro somos acusados por elas...
Num dia colocamos nosso filho para dormir, ajeitamos suas cobertas, apagamos a luz e aguardamos, ansiosas, o futuro.
Num dia acordamos pela manhã e percebemos que a cama está pequena demais para seu tamanho.
Num dia levantamos no meio da noite e encontramos o quarto vazio, tudo em seu devido lugar, limpo demais, silencioso demais! Percebemos que nossos filhos se foram e choramos por vê-los libertos dos nossos cuidados. O futuro chegou cedo demais...
Nessa hora, as necessidades se invertem.
Nós é passamos a necessitar de carinho, de alguém para enxugar nossas lágrimas, de alguém para ajeitar a coberta em nossos ombros e as meias em nossos pés.
Nessa hora, voltamos a ter medo do escuro e quase imploramos um colo! Nessa hora queremos nossos filhos de volta para nos contar uma história, rezar conosco um pai nosso e apagar a luz, depois de um demorado beijo de boa noite.
Nessa hora, queremos palavras e não simplesmente intenções.
Nessa hora queremos presenças e não visitas.
Nessa hora queremos abraços e não cumprimentos.
Queremos, enfim, voltar a ser filhos! Queremos ser cuidados! Queremos que nossos meninos sejam, por algum tempo, nossos pais. Queremos a proteção de um ventre, para acolher nossas inseguranças.
Infelizmente, poucos filhos percebem que seus pais não são de aço, mas sim de flores, como o sugestivo título do livro de Fábio de Melo. Infelizmente, a maioria dos filhos, percebem, tarde demais, que as flores não são eternas, que mais cedo do que esperamos elas murcharão, deixando apenas a lembrança dos seus perfumes e a beleza delicada das suas pétalas...
Gilmara Giavarina
Artistas anônimos
Fico pensando como os valores em nossa sociedade estão perdidos. Tanta gente boa, com talento extraordinário, desempregada, vivendo de “bico”, submetendo-se a ganhar um milésimo do que realmente merecem. Artistas consagrados no talento e anônimos no reconhecimento.
Conheço músicos que tiram o fôlego com a expressividade da sua voz, conheço pintores que extraem lágrimas dos peitos mais áridos, com suas obras.
Conheço escritores magníficos que não são lidos. Conheço artesãos fora do comum, esquecidos nos bancos das praças. Artistas que imploram olhares, que esperam oportunidades!
No início do ano um argentino realizou uma demonstração da sua técnica de pintura, na porta da escola. Uma coisa impressionante! Quase mediúnica. As formas ganhavam vida a cada toque. Fiquei fascinada! Embevecida com o talento daquele moço. Na época ele vendia cada tela por quinze Reais. Valia, na minha opinião, cem vezes esse valor. De repente, ouvi de um espectador a coisa mais insensível de todos os tempos: “Isso não vale mais que cinco Reais, você não demorou nem dez minutos para pintar!” Fiquei com vontade de pintar a arrogância daquele senhor com a sensibilidade daquele artista. Seria uma obra perfeita!
Domingo passado fui almoçar num restaurante simpático nos altos da cidade. Enquanto esperávamos o garçom, fiquei extasiada com a voz, afinação e sentimento com que o músico “paria” sua arte, num canto isolado do estabelecimento.
A forma com que aquele músico “dava luz” ao seu talento, arrancou-me lágrimas! Não foi o dueto, voz e violão, que me impressionou. Foi a tríade: voz, alma e coração que encantou meus sentidos! Quase não conseguia olhar para a comida. Aquela música alimentava minha alma. Olhei em volta. Todos comiam, sem atenção ao som que iluminava aquele ambiente. Fiquei pensando na insensibilidade daquelas pessoas, que sequer levantavam os olhos de dentro da cumbuca de feijão.
Senti uma angústia lancinante transpassar meu peito.
Será que teremos artistas daqui há alguns anos?
Na saída, ao passar pelo músico, reverenciei seu dom, em silêncio. Rafael é seu nome. Nome e voz de Anjo. Pena ainda não ter espaço para voar, porque asas, com certeza, já possui...
Infelizmente, a sensibilidade não tem muito valor nos dias de hoje, e isso é uma tristeza indescritível!
Não consigo imaginar um canto sem um encanto!
Não consigo imaginar um silêncio sem uma trilha sonora!
Não imagino um mundo sem cores, sem formas, sem músicas, sem histórias...
Gilmara Giavarina
Conheço músicos que tiram o fôlego com a expressividade da sua voz, conheço pintores que extraem lágrimas dos peitos mais áridos, com suas obras.
Conheço escritores magníficos que não são lidos. Conheço artesãos fora do comum, esquecidos nos bancos das praças. Artistas que imploram olhares, que esperam oportunidades!
No início do ano um argentino realizou uma demonstração da sua técnica de pintura, na porta da escola. Uma coisa impressionante! Quase mediúnica. As formas ganhavam vida a cada toque. Fiquei fascinada! Embevecida com o talento daquele moço. Na época ele vendia cada tela por quinze Reais. Valia, na minha opinião, cem vezes esse valor. De repente, ouvi de um espectador a coisa mais insensível de todos os tempos: “Isso não vale mais que cinco Reais, você não demorou nem dez minutos para pintar!” Fiquei com vontade de pintar a arrogância daquele senhor com a sensibilidade daquele artista. Seria uma obra perfeita!
Domingo passado fui almoçar num restaurante simpático nos altos da cidade. Enquanto esperávamos o garçom, fiquei extasiada com a voz, afinação e sentimento com que o músico “paria” sua arte, num canto isolado do estabelecimento.
A forma com que aquele músico “dava luz” ao seu talento, arrancou-me lágrimas! Não foi o dueto, voz e violão, que me impressionou. Foi a tríade: voz, alma e coração que encantou meus sentidos! Quase não conseguia olhar para a comida. Aquela música alimentava minha alma. Olhei em volta. Todos comiam, sem atenção ao som que iluminava aquele ambiente. Fiquei pensando na insensibilidade daquelas pessoas, que sequer levantavam os olhos de dentro da cumbuca de feijão.
Senti uma angústia lancinante transpassar meu peito.
Será que teremos artistas daqui há alguns anos?
Na saída, ao passar pelo músico, reverenciei seu dom, em silêncio. Rafael é seu nome. Nome e voz de Anjo. Pena ainda não ter espaço para voar, porque asas, com certeza, já possui...
Infelizmente, a sensibilidade não tem muito valor nos dias de hoje, e isso é uma tristeza indescritível!
Não consigo imaginar um canto sem um encanto!
Não consigo imaginar um silêncio sem uma trilha sonora!
Não imagino um mundo sem cores, sem formas, sem músicas, sem histórias...
Gilmara Giavarina
A importância de um olhar...
Se os homens soubessem a importância de um olhar, com certeza, deixariam de se preocupar com fatos tão irrelevantes.
Adoro conversar com pessoas que me olham nos olhos, sem desvios ou resquícios de desatenção. A pior coisa que existe, na minha opinião, é trocar idéia com alguém e perceber que a pessoa não está acompanhando a minha linha de raciocínio. Percebo quando os olhos pairam em outra cena, repousam em outros olhares, descansam em outras idéias.
A coisa mais sexy que existe é um olhar! E se um sorriso aparecer, entre ele, melhor ainda! Corpo malhado nunca me atraiu, já um olhar sempre balançou minhas estruturas!
Uma vez, conversando com uma amiga homossexual, perguntei-lhe o porquê da opção. Sua resposta, confesso, surpreendeu minhas expectativas. O ponto principal não estava ligado ao sexo, mas ao “papo”. Seu discurso era mais ou menos assim:
- Mulher entende mulher! As mulheres têm gostos comuns e interesses idênticos. Você conta seus segredos para homens? Raramente, né? Mulheres se entendem, são cúmplices! Gosto de olhares e não de músculos. Gosto de toque e não de pegada.
Fiquei pensando naquelas palavras. Não podia negar a veracidade dos fatos (apesar de não concordar com a idéia que o toque é melhor que a pegada).
Um dia, lendo uma crônica do genial escritor Rubem Alves, intitulada “Escutatória”, constatei o quão importante essa prática torna-se num relacionamento.
“Escutar é complicado e sutil. É preciso tempo para entender o que o outro fala. Não basta o silêncio de fora. É preciso silêncio dentro. Comunhão é quando a beleza do outro e a beleza da gente se juntam num contraponto.”
Divagando com as belas palavras do autor, concluo meu pensamento: Esse contraponto é o olhar. Através dele, mostro ao outro, o respeito por suas palavras. Através dele, comunico meus anseios, minhas particularidades, meus medos, minhas necessidades. Como seria bom se as pessoas pudessem interpretar os diferentes olhares que perpassam em suas vidas, quantas lágrimas seriam evitadas, quantos desejos seriam interpretados, quantos amores seriam consumados, quantas mágoas seriam perdoadas...
Deixo um conselho a todos os homens: invistam no olhar.
Certamente, pouparão muitas horas em academia e fortunas incalculáveis em roupas de grife.
Gilmara Giavarina
Adoro conversar com pessoas que me olham nos olhos, sem desvios ou resquícios de desatenção. A pior coisa que existe, na minha opinião, é trocar idéia com alguém e perceber que a pessoa não está acompanhando a minha linha de raciocínio. Percebo quando os olhos pairam em outra cena, repousam em outros olhares, descansam em outras idéias.
A coisa mais sexy que existe é um olhar! E se um sorriso aparecer, entre ele, melhor ainda! Corpo malhado nunca me atraiu, já um olhar sempre balançou minhas estruturas!
Uma vez, conversando com uma amiga homossexual, perguntei-lhe o porquê da opção. Sua resposta, confesso, surpreendeu minhas expectativas. O ponto principal não estava ligado ao sexo, mas ao “papo”. Seu discurso era mais ou menos assim:
- Mulher entende mulher! As mulheres têm gostos comuns e interesses idênticos. Você conta seus segredos para homens? Raramente, né? Mulheres se entendem, são cúmplices! Gosto de olhares e não de músculos. Gosto de toque e não de pegada.
Fiquei pensando naquelas palavras. Não podia negar a veracidade dos fatos (apesar de não concordar com a idéia que o toque é melhor que a pegada).
Um dia, lendo uma crônica do genial escritor Rubem Alves, intitulada “Escutatória”, constatei o quão importante essa prática torna-se num relacionamento.
“Escutar é complicado e sutil. É preciso tempo para entender o que o outro fala. Não basta o silêncio de fora. É preciso silêncio dentro. Comunhão é quando a beleza do outro e a beleza da gente se juntam num contraponto.”
Divagando com as belas palavras do autor, concluo meu pensamento: Esse contraponto é o olhar. Através dele, mostro ao outro, o respeito por suas palavras. Através dele, comunico meus anseios, minhas particularidades, meus medos, minhas necessidades. Como seria bom se as pessoas pudessem interpretar os diferentes olhares que perpassam em suas vidas, quantas lágrimas seriam evitadas, quantos desejos seriam interpretados, quantos amores seriam consumados, quantas mágoas seriam perdoadas...
Deixo um conselho a todos os homens: invistam no olhar.
Certamente, pouparão muitas horas em academia e fortunas incalculáveis em roupas de grife.
Gilmara Giavarina
O som do coração
Mês passado aconteceu-me um fato pitoresco. Engraçado, sem dúvida, mas extremamente interessante. Gosto de refletir diante as experiências dos outros, sendo eles anônimos ou não. Gosto de pousar sobre os sentimentos, tentando extrair deles, experiências para minha vida.
Era domingo. Entretida com meu almoço, ao som de um bolero anos 80, como diz meu filho, bem cafona, porém, extremamente convidativo, cortava as batatas para a salada.
Com meus pensamentos em sintonia, mal ouvi o toque insistente da campainha. O som estava bem alto. Quando olhei pela janela da cozinha, vi um mendigo. Homem maltrapilho, descalço, cabelo desgrenhado e dançando??? Ele havia colocado suas sacolas no portão, e com os olhos fechados, bailava sobre a calçada quente como se relembrasse momentos inesquecíveis da sua vida. Num primeiro momento achei graça, mas depois lágrimas escorreram pelo meu rosto. Fiquei pensando o porquê aquele homem dançava. Qual a sensação que aquela música estava lhe proporcionando? No que ele pensava? Quais eram as suas recordações? Muitos sonhos? Alguma esperança? Grandes saudades? Estava ele dançando com sua amada? Ou relembrando momentos no colo da sua mãe? Estava em paz com sua escolha, ou conformado com o resultado? Teria aceitado seu destino ou apagado seu passado?
Aquele homem ficou um bom tempo ali, de olhos fechados, sorrindo ao vento. A música, com certeza, foi um pequeno bálsamo para as aflições da sua alma. O som havia penetrado nos acordes do seu coração!
Quando o volume diminuiu, ele abriu os olhos. Estavam marejados. Olhou pra mim, que assistia tudo pela porta da sala, e sorriu. Um velho mendigo com sorriso de criança mimada. Emocionada, retribui o sorriso. Perguntei o que ele queria. Sua resposta foi surpreendente:
- O que eu quero? Mais nada, dona... mais nada...
O velho resgatou suas sacolas daquele chão quente, e continuou sua caminhada fria. O fardo ainda existia, mas com certeza, estava mais leve!
Até hoje lembro daquela cena quando estou triste. Coloco o mesmo bolero, fecho os olhos e danço, permitindo que o som daqueles acordes, aqueça o meu coração. Nesse momento, tento esquecer no portão os meus pequeninos fardos...
Quando, lentamente, consigo abrir os olhos, elevo meu pensamento para o Dono da minha vida e falo assim pra Ele:
“ Não quero mais nada não Senhor... mais nada...”
Gilmara Giavarina
Era domingo. Entretida com meu almoço, ao som de um bolero anos 80, como diz meu filho, bem cafona, porém, extremamente convidativo, cortava as batatas para a salada.
Com meus pensamentos em sintonia, mal ouvi o toque insistente da campainha. O som estava bem alto. Quando olhei pela janela da cozinha, vi um mendigo. Homem maltrapilho, descalço, cabelo desgrenhado e dançando??? Ele havia colocado suas sacolas no portão, e com os olhos fechados, bailava sobre a calçada quente como se relembrasse momentos inesquecíveis da sua vida. Num primeiro momento achei graça, mas depois lágrimas escorreram pelo meu rosto. Fiquei pensando o porquê aquele homem dançava. Qual a sensação que aquela música estava lhe proporcionando? No que ele pensava? Quais eram as suas recordações? Muitos sonhos? Alguma esperança? Grandes saudades? Estava ele dançando com sua amada? Ou relembrando momentos no colo da sua mãe? Estava em paz com sua escolha, ou conformado com o resultado? Teria aceitado seu destino ou apagado seu passado?
Aquele homem ficou um bom tempo ali, de olhos fechados, sorrindo ao vento. A música, com certeza, foi um pequeno bálsamo para as aflições da sua alma. O som havia penetrado nos acordes do seu coração!
Quando o volume diminuiu, ele abriu os olhos. Estavam marejados. Olhou pra mim, que assistia tudo pela porta da sala, e sorriu. Um velho mendigo com sorriso de criança mimada. Emocionada, retribui o sorriso. Perguntei o que ele queria. Sua resposta foi surpreendente:
- O que eu quero? Mais nada, dona... mais nada...
O velho resgatou suas sacolas daquele chão quente, e continuou sua caminhada fria. O fardo ainda existia, mas com certeza, estava mais leve!
Até hoje lembro daquela cena quando estou triste. Coloco o mesmo bolero, fecho os olhos e danço, permitindo que o som daqueles acordes, aqueça o meu coração. Nesse momento, tento esquecer no portão os meus pequeninos fardos...
Quando, lentamente, consigo abrir os olhos, elevo meu pensamento para o Dono da minha vida e falo assim pra Ele:
“ Não quero mais nada não Senhor... mais nada...”
Gilmara Giavarina
Dependências
Sou dependente da alegria. Não suporto conviver com lágrimas.
Pago qualquer preço pela liberdade de gargalhar em público, sem qualquer receio em ser julgada pelas minhas extravagâncias.
Vivo de som.
Me alimento de vida.
Sou viciada nas cores da minha espontaneidade.
Tenho medo do breu que um dia tive o desprazer em conhecer.
Tenho medo de algemas, de limitações, de aprisionamento convencional.
Vivo de sonhos.
Me sacio da música.
Sou dependente das coisas que me fazem sorrir.
Tenho medo do “não”, que por uma vida me foi determinado.
Tenho medo de regras, de imposições, de excesso de proteção.
Sou dependente da alegria. Não consigo conviver com o silêncio.
Pago o preço que for preciso pela liberdade de voar sem vento, de saltar sem medo, de andar sem pressa...
Gilmara Giavarina
Pago qualquer preço pela liberdade de gargalhar em público, sem qualquer receio em ser julgada pelas minhas extravagâncias.
Vivo de som.
Me alimento de vida.
Sou viciada nas cores da minha espontaneidade.
Tenho medo do breu que um dia tive o desprazer em conhecer.
Tenho medo de algemas, de limitações, de aprisionamento convencional.
Vivo de sonhos.
Me sacio da música.
Sou dependente das coisas que me fazem sorrir.
Tenho medo do “não”, que por uma vida me foi determinado.
Tenho medo de regras, de imposições, de excesso de proteção.
Sou dependente da alegria. Não consigo conviver com o silêncio.
Pago o preço que for preciso pela liberdade de voar sem vento, de saltar sem medo, de andar sem pressa...
Gilmara Giavarina
Cansei de ser adulta
Uma das coisas que eu mais amo e admiro nessa vida é a sinceridade de uma criança. Já passei da fase de ser adulta. Já cansei de compactuar com as “verdades indiscutíveis” das grandes futilidades intelectuais.
Decidi ser criança até a senilidade. Quero gargalhar sem medo de rótulos, quero viver a vida degustando cada segundo, como se fosse um gigante brigadeiro a ser devorado antes do almoço.
Quero sentir cada passo. Quero pular amarelinha até chegar no céu.
Cansei de ser politicamente correta. Quero ser apenas feliz, sem necessitar de títulos para comprovar a minha capacidade. Quero ser criança e chorar quando estiver com medo. Quero ser menina e pedir colo quando a vida não for assim, tão boa comigo. Quero perdoar sem mágoa, quero abraçar sem culpa, quero amar sem esperar retorno...
Cansei de esperar aprovação. Quero ser eu mesma, com minhas virtudes e com meus defeitos, com minhas superações e com minhas dificuldades, com meus amores e com meus desafetos, com minhas gargalhadas e com minhas lágrimas, com meus pesadelos quase reais e com meus sonhos quase infantis.
Cansei de sorrir com o coração apertado. A partir de agora quero demonstrar somente o que meu interior vivenciar. Quero mostrar o que eu não gostei, quero falar quanto eu amei, quero gritar ao mundo o quanto eu cresci...
Cansei de andar sozinha, quero brincar de pique e me esconder do mundo quando for preciso. Cansei de comprovar aos outros a minha real idade cronológica. Quero que todos vejam que eu não estou nem aí para falatórios e muito menos para julgamentos...
Quero mesmo é assoviar aos ventos do improviso, nadar contra as correntezas do mundo, mergulhar os pés nas enxurradas da vida e rodopiar, alegremente, pela simplicidade da chuva, sem medo dos olhares eletrizantes dos raios que os partam...
Decidi ser criança até a senilidade. Quero gargalhar sem medo de rótulos, quero viver a vida degustando cada segundo, como se fosse um gigante brigadeiro a ser devorado antes do almoço.
Quero sentir cada passo. Quero pular amarelinha até chegar no céu.
Cansei de ser politicamente correta. Quero ser apenas feliz, sem necessitar de títulos para comprovar a minha capacidade. Quero ser criança e chorar quando estiver com medo. Quero ser menina e pedir colo quando a vida não for assim, tão boa comigo. Quero perdoar sem mágoa, quero abraçar sem culpa, quero amar sem esperar retorno...
Cansei de esperar aprovação. Quero ser eu mesma, com minhas virtudes e com meus defeitos, com minhas superações e com minhas dificuldades, com meus amores e com meus desafetos, com minhas gargalhadas e com minhas lágrimas, com meus pesadelos quase reais e com meus sonhos quase infantis.
Cansei de sorrir com o coração apertado. A partir de agora quero demonstrar somente o que meu interior vivenciar. Quero mostrar o que eu não gostei, quero falar quanto eu amei, quero gritar ao mundo o quanto eu cresci...
Cansei de andar sozinha, quero brincar de pique e me esconder do mundo quando for preciso. Cansei de comprovar aos outros a minha real idade cronológica. Quero que todos vejam que eu não estou nem aí para falatórios e muito menos para julgamentos...
Quero mesmo é assoviar aos ventos do improviso, nadar contra as correntezas do mundo, mergulhar os pés nas enxurradas da vida e rodopiar, alegremente, pela simplicidade da chuva, sem medo dos olhares eletrizantes dos raios que os partam...
terça-feira, 24 de agosto de 2010
Lançamento do meu sonho ao mundo real.
No dia do lançamento do meu livro eu estava tão radiante que parecia participar de uma experiência "fora do corpo". Tratava-se de uma típica noite de verão, acompanhada de uma chuva de "dar gosto". Para mim, uma benção. Sempre associei as mãos de Deus à uma tremenda tempestade. O cheiro da chuva me permite resgatar o Seu cheiro. Os raios representam, para mim, os flashes do Seu registro Divino, flagrando os melhores lances dos nossos sonhos na Terra...
Enfim, os minutos correndo e um "baita medo" crescendo dentro do meu peito. O receio de não aparecer ninguém no evento, sufocava minha alegria. Olhei ao redor, radiografando o ambiente: estava tudo perfeito, exatamente como eu idealizei: o espaço avarandado do teatro Municipal da cidade aconchegava duas mesas com canapés variados, além de águas e sucos, das orquídeas e dos lírios e das frutas de época, acompanhadas de duas cascatas de chocolate.
A mesa para a venda dos livros estava delicadamente organizada, e o lugares destinados para os autógrafos, perfeitamente decorados com muitas pétalas de rosas. Ao fundo do ambiente um artista, elegantemente trajado, cantava, poeticamente, as minhas canções preferidas.
Violão e voz.
Orquídeas e lágrimas.
Doces e amigos.
Emoção e abraços.
Sonhos e realidade juntos, esperando de mãos dadas um autógrafo.
Enfim, o silêncio e a alegria findaram a noite. O evento foi um grande sucesso. Lotação geral... olhos marejados e centenas de autógrafos.
Enfim a realização de um sonho compartilhado com os amigos,com os colegas, com os conhecidos, e com os desconhecidos...
Enfim, os sorrisos, as flores e as cores protagonizaram a noite.
Enfim sós: eu e a lembrança do "meu dia".
Foram vendidos mais de oitenta livros em apenas duas horas de lançamento. A cada venda, uma dedicatória personalizada, seguida de uma foto para comprovar a minha vitória. As pessoas que eu mais amo no mundo estavam ali, bem pertinho da minha vida e do meu coração!
E eu bem ali, no centro do meu sonho, entre as poucas palavras e os grandes abraços. Entre os tímidos beijos e os despretensiosos sorrisos. Entre os sons, os acordes e os raios. Entre a chuva da noite e as lágrimas do peito.
E eu ali, sorrindo sozinha, sonhando acordada... autografando o final de um ciclo, o início de uma nova história e o amanhecer de mais um sonho, no chão colorido da minha realidade.
Gilmara Giavarina
Enfim, os minutos correndo e um "baita medo" crescendo dentro do meu peito. O receio de não aparecer ninguém no evento, sufocava minha alegria. Olhei ao redor, radiografando o ambiente: estava tudo perfeito, exatamente como eu idealizei: o espaço avarandado do teatro Municipal da cidade aconchegava duas mesas com canapés variados, além de águas e sucos, das orquídeas e dos lírios e das frutas de época, acompanhadas de duas cascatas de chocolate.
A mesa para a venda dos livros estava delicadamente organizada, e o lugares destinados para os autógrafos, perfeitamente decorados com muitas pétalas de rosas. Ao fundo do ambiente um artista, elegantemente trajado, cantava, poeticamente, as minhas canções preferidas.
Violão e voz.
Orquídeas e lágrimas.
Doces e amigos.
Emoção e abraços.
Sonhos e realidade juntos, esperando de mãos dadas um autógrafo.
Enfim, o silêncio e a alegria findaram a noite. O evento foi um grande sucesso. Lotação geral... olhos marejados e centenas de autógrafos.
Enfim a realização de um sonho compartilhado com os amigos,com os colegas, com os conhecidos, e com os desconhecidos...
Enfim, os sorrisos, as flores e as cores protagonizaram a noite.
Enfim sós: eu e a lembrança do "meu dia".
Foram vendidos mais de oitenta livros em apenas duas horas de lançamento. A cada venda, uma dedicatória personalizada, seguida de uma foto para comprovar a minha vitória. As pessoas que eu mais amo no mundo estavam ali, bem pertinho da minha vida e do meu coração!
E eu bem ali, no centro do meu sonho, entre as poucas palavras e os grandes abraços. Entre os tímidos beijos e os despretensiosos sorrisos. Entre os sons, os acordes e os raios. Entre a chuva da noite e as lágrimas do peito.
E eu ali, sorrindo sozinha, sonhando acordada... autografando o final de um ciclo, o início de uma nova história e o amanhecer de mais um sonho, no chão colorido da minha realidade.
Gilmara Giavarina
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